Encontro apaixonado. Carol MarinelliЧитать онлайн книгу.
A que horas sais do trabalho hoje? – perguntou ele, quando Cecelia desligou.
– Não sei – respondeu Cecelia, surpreendida com a pergunta, Luka nunca se interessava por essas coisas. – Porquê?
– Quero que adies a reunião com o García para que coincida com o fim do dia de trabalho.
– Verei o que posso fazer.
– E organiza o meu voo para Xanero para amanhã. Ficarei lá algumas semanas.
– Algumas semanas? – Era a primeira vez que Luka ia ausentar-se durante tanto tempo. Para Luka, viajar era algo tão habitual como apanhar o metro.
– Já te disse, a minha mãe está doente – replicou Luka, com aspereza.
Depois de organizar o seu voo, Luka ligou a Sophie Kargas para lhe dizer que o único filho que tinha estaria lá no dia seguinte.
– Uma coisa – disse Luka à mãe –, não vou para aí para te dar a mão e ver como te rendes. Vais lutar.
– Luka, estou cansada, não quero confusões. A única coisa que quero é que venhas para casa.
Na voz da mãe, sentira rendição e sabia muito bem porquê. O tratamento significava viagens constantes a Atenas e Theo Kargas gostava que a mulher estivesse em casa.
– A tua mãe está ao telefone – disse Cecelia, já à tarde.
– Diz-lhe que estou numa reunião.
– Muito bem.
Era um desgraçado, pensou Cecelia, enquanto dava a resposta de Luka a uma mulher de voz fraca.
– Preciso de falar com ele agora mesmo – insistiu a mulher.
– Lamento – desculpou-se Cecelia –, o Luka não pode atender nenhuma chamada neste momento. Está muito ocupado a resolver tudo antes da viagem.
Luka estava sentado com as mãos na nuca e os pés na sua mesa de escritório.
Não conseguia suportar voltar a falar com a mãe para que lhe dissesse que, mais ou menos, se resignara a morrer.
Enfrentá-la-ia no dia seguinte, falaria com a mãe cara a cara.
«Deixa-o.»
Não seria a primeira vez que diria isso à mãe, a única coisa que esperava era que fosse a última.
Sempre quisera que o pai morresse antes da mãe, mesmo que fosse apenas para que ela encontrasse um pouco de paz.
Olhou para o relógio e viu que eram quase sete.
A reunião com García era às dez.
Luka levantou-se, vestiu o casaco e saiu do escritório.
Cecelia não olhou para ele, continuou a escrever e a fingir que não reparara na sua presença.
– Fazemos as pazes? – perguntou Luka e viu que ela baixava os ombros e sorria fracamente.
– Está bem – acedeu Cecelia e, então, olhou para ele.
– Vá, vamos jantar.
Cecelia sentiu um aperto no coração.
Embora não se notasse.
Cecelia queria que aquele dia acabasse.
O pior que podia acontecer-lhe era jantar com ele.
Ou o melhor.
Luka era muito boa companhia.
Mas isso só piorava a situação.
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