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A noiva substituta. Jane PorterЧитать онлайн книгу.

A noiva substituta - Jane Porter


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falhar-lhe, não podia fazê-lo, de modo que deu um passo à frente. Não ia voltar atrás. Não ia ter medo.

      Faria com que aquilo funcionasse. Encontraria uma forma de agradar ao seu marido e uniria as duas famílias. E seria ela, Petra Kassiani, a fazê-lo, não Elexis, que fugira, nem o irmão, Barnabas, que se importava tão pouco com a família que não se incomodara em ir ao casamento.

      Conseguia fazê-lo, tinha a certeza.

      A questão era, ele fá-lo-ia?

      Assim que Kristopher Dukas entrou na capela com a noiva, Damen soube que era a filha errada.

      Incapaz de acreditar na temeridade do americano, observou o corpulento Kristopher a avançar pelo corredor com a filha, cujo rosto estava escondido por baixo de um véu pesado.

      Aparentemente, Dukas escolhera a saída mais fácil. Em vez de procurar a rebelde Elexis, simplesmente, trocara as filhas, substituindo a mais velha pela mais nova.

      Quem fazia uma coisa dessas? Que tipo de homem tratava as filhas como se fossem gado?

      Até ele, que era desumano nos negócios, sabia a diferença entre desonestidade e traição. Aquilo era uma traição.

      Aquela rapariga não era Elexis e ele escolhera Elexis por muitas razões. A bela, refinada e ambiciosa Elexis Dukas era perfeita para ele por causa do seu aspeto e temperamento. Era conhecida em todo o lado, adorava os focos e a atenção e era uma anfitriã famosa, algo de que ele precisava numa esposa porque detestava os compromissos sociais.

      Poderia representá-lo nos eventos importantes e ninguém sentiria a falta dele. Porque haveriam de o fazer quando ela estava lá?

      Não sentia nenhum afeto por Elexis, mas era a noiva que escolhera e pedira-a em casamento conhecendo as suas virtudes e os seus defeitos. Elexis tinha um estilo de vida invejável. Viajava por todo o mundo com o jet set, ia às melhores festas, usava roupa de marca e sentava-se na primeira fila nos desfiles de moda. A sua vida era um aparecimento nos meios de comunicação social atrás de outro, mas isso era bom para ele.

      Precisava de uma esposa que soubesse qual era o seu lugar e que não fizesse pedidos emocionais, pois ele não tolerava essas coisas.

      Contudo, agora que Elexis desaparecera e havia uma Dukas muito diferente ao seu lado, pensou que talvez aquele tivesse sido o plano de Kristopher desde o começo.

      Talvez Elexis nunca tivesse estado disposta a casar-se com ele. Talvez Kristopher não tivesse intenção de lhe entregar a querida filha e tivesse decidido, desde o começo, deixá-lo com a filha mais nova, a quem se referira uma vez como «o patinho feio» da família.

      Deveria ir-se embora, pensou.

      Contudo, quando estava prestes a soltar a mão desse «patinho feio», ela levantou a cara e sussurrou:

      – Lamento muito.

      Depois da cerimónia, foram para a sala de espera da capela para assinar o registo. Damen cerrou os dentes, furioso ao pensar que nem sequer sabia o nome da esposa.

      – Se não és a Elexis, com quem me casei? – perguntou, pegando numa caneta.

      – Kassiani – respondeu ela, num tom rouco.

      – Esse não foi o nome que o padre disse.

      – Não, usou o meu primeiro nome, Petra, mas ninguém me chama assim. Chamam-me Kass ou Kassiani.

      Damen abanou a cabeça, zangado com ela e consigo próprio por não ter saído da capela antes da cerimónia. Porque deixara que o pedido de desculpa o afetasse de tal modo?

      Porque é que aquele sussurro de desculpa evitara que a abandonasse no altar?

      Não sabia a resposta e não estava de humor para continuar a pensar nisso.

      – Não penses mais nisso – disse, depois de assinar o documento, oferecendo-lhe a caneta.

      Ela aceitou-a com uma expressão preocupada.

      – Muito bem.

      – Este era o plano desde o começo, trocar as irmãs?

      Kass ficou corada.

      – Não.

      – Não te ofendas, mas não queria casar-me contigo.

      – Eu sei.

      – Não é a minha intenção insultar-te.

      – Não me sinto insultada.

      Noutras circunstâncias, certamente, teria gostado dela porque era direta e inteligente, pensou Damen. Mas os Dukas tinham-no enganado e não estava de bom humor.

      – Não sou dos que esquecem e perdoam.

      Viu que uma sombra atravessava o seu rosto e quase sentiu pena dela, mas a sombra desapareceu depressa, deixando uma expressão serena e composta no seu lugar.

      – Como podes ver, não sou das que deixam passar a oportunidade de comer uma fatia de bolo. Parece que cada um tem de carregar a sua cruz.

      Depois, Kass inclinou-se por cima do livro de registo para assinar, com o véu comprido a cair por cima dos seus ombros como uma cascata branca.

      Damen não sabia se tinham sido as suas palavras ou o seu sentido de humor, mas, sem saber porquê, levantou-lhe o queixo com um dedo para se apoderar da sua boca. Não era assim que um homem devia beijar a esposa numa capela, mas nada naquele casamento era normal.

      Kassiani passeava pelo quarto luxuoso da vila em que se vestira para a cerimónia, tentando acalmar-se. Tinha a impressão de que tudo aquilo podia desmoronar-se de um momento para o outro. A cerimónia não serviria de nada a menos que o casamento fosse consumado e não conseguia imaginar Damen interessado em ir para a cama com ela. Francamente, também não queria fazê-lo e sentiu um calafrio ao recordar a sua frieza quando lhe dissera que não era dos que esqueciam e perdoavam.

      Kass não duvidava.

      E era por isso que estava no quarto, escondida e acovardada. Naquela manhã, encontrara coragem para ir para a capela e ocupar o lugar de Elexis, mas essa coragem desaparecera.

      Por sorte, a cerimónia fora discreta, só com alguns amigos e familiares, mas o copo-d’água seria fabuloso, com centenas de convidados que tinham ido de todas as partes do mundo para serem testemunhas do casamento de Elexis Dukas e Damen Alexopoulos.

      Kassiani parou de passear e dobrou-se sobre si própria, prestes a vomitar. Os convidados rir-se-iam ao vê-la. Uma coisa era fazer-se passar por Elexis numa capela escura, escondida sob camadas de renda e, outra muito diferente, fazê-lo à frente daqueles que conheciam a irmã.

      Convencera-se de que conseguia fazê-lo, mas só pensara na cerimónia. Não pensara em aparecer em público como a esposa de Damen Alexopoulos.

      A sua esposa.

      Perdeu a força nas pernas e teve de se deixar cair na cama.

      O que fizera?

      Estava a limpar as lágrimas quando a porta se abriu e Damen entrou no quarto. Nem sequer se incomodara em bater à porta.

      Esperou que ele dissesse alguma coisa, mas não disse nada. Olhava para ela em silêncio e esse silêncio era insuportável. Os segundos pareciam minutos, horas.

      – Por favor, diz alguma coisa – murmurou finalmente.

      – Os convidados estão à espera.

      Kass imaginou o terraço cheio de mesas com toalhas brancas, copos do cristal mais fino e candelabros brilhantes…

      Não, aquele não era o seu lugar. Não era o seu casamento, não eram os seus convidados.

      – Não posso descer.

      – Devo trazer os convidados para cá?

      – Não, por favor.

      – Queres que te leve ao colo?


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