Mais do que um filho secreto. Кейт ХьюитЧитать онлайн книгу.
a ninguém.
Adoraria tocar nele novamente, oferecer-lhe algum consolo, mas receava a sua resposta e a dela própria.
– Não, claro. – Antonio voltou a olhar para ela em silêncio. – É uma pessoa muito amável, Maisie. Tem um coração generoso, dá muito aos outros e, certamente, recebe muito menos.
– Fala de mim como se fosse um capacho.
– Não, claro que não. É assim que se sente?
Torceu o nariz, surpreendida, porque, no fundo do seu coração, sempre sentira que era assim. O irmão e ela só tinham dois anos de diferença, mas transformara-se em mãe e pai para ele. Tivera de o fazer. E fizera-o com prazer, mas… às vezes, a vida parecia-lhe tão cinzenta, tão ingrata. E questionava-se se havia mais qualquer coisa.
– Talvez um pouco – admitiu, finalmente. E, depois, sentiu-se mal. Como podia estar ressentida com o irmão? – Não, bom, não queria dizer isso…
– Cale-se. – Antonio pôs um dedo nos seus lábios. – Não tem de se desculpar pelos seus sentimentos. É evidente que se importa com o seu irmão e que sacrificou muito por ele.
– Como pode sabê-lo? – sussurrou Maisie.
Ele apertou os seus lábios. Foi um toque suave como uma pena e, no entanto, o toque mais íntimo que alguma vez experimentara.
– Porque exsuda amor. Amor e generosidade.
O tom de Antonio era sincero, com um toque de melancolia. Ninguém lhe dissera isso antes. Ninguém reparara no que fizera por Max e em tudo aquilo a que renunciara. Mas, por alguma razão, aquele desconhecido sabia.
– Obrigada – sussurrou.
Antonio empurrou o dedo contra os seus lábios, uma carícia que Maisie sentiu até ao centro do seu ser. E ele percebeu.
– Tão carinhosa… – murmurou, enquanto traçava a comissura dos seus lábios com a ponta do dedo. – E tão encantadora…
Maisie estava transfigurada com essa carícia. O toque do seu dedo parecia estar a deixar uma marca na sua alma. Tivera alguns namorados, mas nada sério porque tinha sempre de pensar em Max e estava muito ocupada, a trabalhar e a tentar não se atrasar com os seus estudos de Música. Os beijos e abraços desses namorados não a tinham afetado como um toque simples de Antonio Rossi.
Sabia que tinha de pôr fim àquela tolice e voltar a trabalhar. Acabar o seu turno, voltar para casa e esquecer a magia perigosa daquele encontro inesperado.
Antonio deslizou o dedo pelo seu queixo e pelo seu pescoço, onde a pulsação batia de modo frenético. Deixou-o lá por um instante, olhando para ela com o sobrolho franzido. Depois, desabotoou o primeiro botão da bata e passou o dedo pela t-shirt simples de algodão que tinha por baixo, com a insígnia da empresa no bolso.
A surpresa de Maisie foi tal que o copo de uísque escorregou dos seus dedos e caiu ao chão, sujando a carpete.
– Oh, não…
– Não importa – disse Antonio.
– Claro que importa. Não posso deixar o escritório assim, tenho de o limpar.
– Então, não o deixaremos assim.
Antonio sorriu, irónico, como que dizendo que isso não ia distraí-lo do seu propósito. Mas o que é que o multimilionário de olhos magnéticos queria dela?
Embora a resposta fosse evidente. Maisie pestanejou, colada ao chão, enquanto Antonio tirava um pano do carrinho para limpar a mancha da carpete.
Queria sexo. Era o que os homens ricos e poderosos queriam de mulheres como ela. A única coisa que queriam. Mas ali estava, a limpar a carpete e Maisie não entendia porquê. E também não entendia como podia sentir-se tentada com uma proposta tão sórdida.
Sexo com um desconhecido. Era nisso que estava a pensar. Claro que talvez só estivesse a ser amável, a seduzir um pouco uma empregada para se divertir.
Antonio voltou a deixar o pano no carrinho e virou-se para ela com um sorriso travesso nos lábios.
– Bom, já acabei. Onde estávamos?
Maisie corara até à raiz do cabelo e Antonio reparou na mudança de cor com grande interesse. Tal como reparara em como respondia ao toque do seu dedo. E ele também respondia, sentindo um desejo virulento… e algo mais profundo. Falava a sério quando dissera que era boa e generosa. Nesse momento, parecia a pessoa mais honesta e amável que alguma vez conhecera e desejava tanto aquilo como o seu corpo. Bom, quase tanto.
– Onde estávamos exatamente? – perguntou ela, num tom desafiante.
Antonio esboçou um sorriso.
– Eu acho… – murmurou, enquanto passava o dedo pela sua face acetinada –, que estávamos aqui.
Maisie fechou os olhos e cerrou os dentes, como se o toque fosse desagradável. Mas Antonio sabia que não era assim porque tremia.
– Porque me fazes isto? – perguntou, num sussurro, tratando-o por tu.
– Ainda não te beijei.
Abriu os olhos, atónita, apesar de tudo o que acontecera.
– Ainda?
– Ainda, mas sabes que é apenas uma questão de tempo. E desejas tanto isto como eu, Maisie. Quero esquecer a dor e a tristeza e só quero recordar… isto. – Suavemente, para que pudesse afastar-se se desejasse, Antonio puxou-a para ele. As suas ancas chocaram e os seus seios esmagaram-se contra o peito dele. Sentiu-a a tremer e viu que tinha os olhos esbugalhados.
Uma parte dele, uma parte importante, queria afundar os dedos no cabelo ruivo e saquear a sua boca. Perder-se no esquecimento da luxúria.
Mas não podia fazer isso. Maisie era demasiado encantadora para ser tratada com tanta brusquidão, de modo que levou o seu tempo, observando-a enquanto ela se habituava ao seu toque e sentindo a mudança nos seus corpos e no ar. A sedução transformou-se em antecipação, em expectativa.
– És encantadora – murmurou, enquanto enredava um caracol entre os dedos, puxando-o suavemente. – Muito, muito encantadora.
– Tu também – murmurou ela, com uma gargalhada trémula. – Mas deves saber como és bonito.
Ele riu-se. Havia algo deliciosamente refrescante na sinceridade dela.
– Talvez possas demonstrar-mo.
– Não saberia como fazê-lo.
Antonio voltou a puxar o caracol.
– Poderias beijar-me.
Um rubor encantador espalhou-se pela sua cara.
– Não… não posso.
– Claro que podes.
– Não saberia como – repetiu Maisie, sentindo que a cara lhe ardia.
– Então, tenho de fazer o trabalho todo?
– Não tens de o fazer. Eu não te pedi nada.
Antonio sorriu. Estava a desfrutar tanto da conversa como da antecipação deliciosa do beijo.
– Estou a pedir-to – declarou. – De facto, exijo-o.
– O quê?
– Beija-me, Maisie.
Observou-o com os olhos esbugalhados. Poderia ter pensado que se sentia ofendida, mas o brilho desses olhos cor de esmeralda dizia outra coisa.
– Olha para a minha boca como se fosse uma montanha que tivesses de escalar – observou, brincalhão. Mal se tinham tocado, mas era difícil continuar com esse jogo. O desejo transformara-se numa corrente, numa tortura, e depressa seria avassalador.
– É que eu… Enfim, não sou assim tão aventureira.