O playboy implacável. Miranda LeeЧитать онлайн книгу.
o telemóvel imediatamente, levantou-se e dirigiu-se para ela com um sorriso. Isso fez com que reparasse na sua boca, no seu lábio inferior sensual e nos seus dentes brancos incríveis. O coração parou por um segundo e fê-la pensar que era muito vulnerável aos homens que pareciam perfeitos.
– Por favor, diz-me que és a Alice – disse ele.
Era difícil não reagir ao seu encanto, mas conseguiu dominar-se e usou a fachada hermética que usava com os homens da sua índole.
– Sim, sou eu – reconheceu ela, com frieza. – Suponho que seja o senhor Barker-Whittle…
As mulheres não costumavam ser tão frias com ele e muito menos as mulheres com o aspeto de Alice. Alterou-o por um instante e começou a procurar um motivo para que tivesse uma atitude tão negativa com ele. Só lhe ocorreu que talvez fosse porque lhe dissera que era um solteirão resmungão e não gostasse que a enganassem. Fora muito calorosa ao telefone e, naquele momento, era gélida.
Esboçou um sorriso enquanto se questionava se essa beleza com tão má reputação dos Barker-Whittle conseguiria derreter um pouco a princesa de gelo porque, se não fosse assim, a noite que se aproximava não seria tão divertida como previra… e seria uma pena, pois sentia fraqueza pelas loiras esbeltas de ar frio com uns olhos azuis maravilhosos e uma boca feita para pecar.
– Chama-me Jeremy, por favor – pediu, ele enquanto, dissimuladamente, a observava. – Ninguém me chama senhor Barker-Whittle, nem a Madge me chama assim. A Madge menos do que ninguém. A Madge disse que seria melhor leiloar o nome de duas personagens, não de uma – inventou ele. – Se te parecer bem…
– O que…? Sim, claro. Seria… fantástico. Obrigada.
Perturbara-a um pouco isso e fora exatamente o que quisera fazer. Fora, durante uma milésima de segundo, a Alice amável e agradecida com quem falara ao telefone, até essa máscara gélida ter voltado ao seu lugar.
No entanto, não ia desistir. Tinha toda a noite para descongelar Alice. No mínimo, divertir-se-ia com o desafio. Ao fim e ao cabo, era estranho que alguém do sexo oposto o ignorasse. Reparou que não usava anéis e isso era um sinal inequívoco de que era solteira.
Despertara a sua curiosidade desde que ouvira aquela voz clara e precisa ao telefone. Naquele momento, depois de a conhecer, o desejo juntou-se à curiosidade e decidiu que não descansaria até aceder a sair com ele.
– Ias mostrar-me o programa na sala de baile, mas, primeiro, deixa-me tirar-te o casaco…
O pânico embargou-a com a ideia de lhe tirar o casaco, com a ideia de se mostrar mais a esse homem com um olhar sensual. Enganava-se se achava que não percebera como olhara para ela. Sabia que os homens a achavam atraente. Era uma cruz que quase todas as loiras bonitas e com classe tinham de carregar. Felizmente, naquela época, não atraía muito os homens porque tinha sempre o cabelo apanhado, não se maquilhava e usava calças de ganga. Naquela noite, no entanto, estava a mostrar-se em todo o seu esplendor. Amaldiçoou Fiona por lhe ter emprestado aquele vestido e por lhe ter posto aquele perfume tão caro. Só podia reprovar-se pela maquilhagem, mas, na altura, não soubera que passaria a noite com um homem que poderia fazer com que quisesse ser uma mulher diferente da que era.
Era uma pena que tivesse escolhido aqueles brincos de brilhantes que lhe tocavam no pescoço quando andava. Pensou em dizer-lhe que ia ficar com o casaco, mas ele já estava atrás dela e, além disso, não podia passar toda a noite com um casaco vestido. Tirou o casaco dos ombros sem virar a cabeça para olhar para ele. Susteve a respiração quando sentiu que uns dedos lhe tocavam na nuca e sentiu um arrepio nas costas enquanto o casaco caía nas suas mãos.
O que é que aquele homem tinha para fazer com que se sentisse assim? Sentira a atração sexual antes, não fora sempre tão precavida. O sexo parecera-lhe fascinante quando chegara à puberdade e passara grande parte da adolescência a fantasiar com diferentes atores. Até conhecer aquele enganador na universidade, um rapaz alto, bonito e moreno que a atraíra. Esse rapaz que a convencera de que sentia o mesmo que ela. Como uma parva, aceitara sair com ele.
No entanto, a atração que sentira não se comparava com o que se apoderava dela naquele momento. Era um disparate. Queria esquecer a cautela, queria esquecer tudo o que aprendera sobre os homens, queria esquecer os avisos de Fiona e permitir que Jeremy Barker-Whittle usasse todas as suas manhas com ela que, naturalmente, era o que ele queria fazer. Era um playboy, não era? Era isso que os playboys faziam.
No entanto, não ia fazê-lo com ela, decidiu, enquanto reunia toda a sua força de vontade.
– Vou guardá-lo – informou ele, com delicadeza, quando ela se virou finalmente. – Depois, continuaremos.
Ela observou, com certo desespero, que se mexia como fazia tudo, com estilo e uma elegância natural. Depois, demasiado depressa, estava a voltar para ela e, daquela vez, observava-a abertamente, sem disfarçar que gostava do que via.
– Não há nada como um bom vestido preto, pois não? – comentou ele, enquanto a agarrava pelo cotovelo e a levava para os elevadores. – O gerente disse-me que a sala de baile é no primeiro andar – acrescentou ele, antes de ela conseguir perguntar o que estava a fazer.
Mesmo assim, soltou o braço assim que pôde e lançou-lhe um olhar que lhe transmitiu, taxativamente, a mensagem de que não voltasse a tocar nela. Não ia permitir que ele tivesse o controlo da noite… ou dela.
Jeremy dominou a vontade de revirar os olhos, mas a verdade era que parecia a protagonista de um romance vitoriano. Não lera nenhum, mas conseguia imaginar como seria essa mulher: Rígida, afetada, que olhava por cima do ombro para os homens, sobretudo, os que ousavam pôr um dedo na sua pele virginal.
Alice teria encaixado perfeitamente nesse papel, à exceção de três circunstâncias. A primeira era aquele vestido. Não tinha alças e era tão justo que lhe dava uma imagem evidente de como seria nua. Teria uns seios duros, uma barriga plana e atlética, uma cintura de vespa, umas pernas compridas e bem formadas e as ancas e o rabo perfeitos para serem acariciados. A segunda era como olhara para ele quando chegara ao hotel. Não fora o olhar de uma virgem dissimulada. Comera-o com o olhar e deixara muito claro que o achava atraente. A terceira fora esse arrepio que lhe percorrera todo o corpo quando lhe tocara na nuca, embora tivesse sido sem querer. Não tinha o costume de tocar dissimuladamente numa mulher. Nunca precisara, mas fora muito eloquente que Alice tivesse reagido dessa forma.
Durante o breve trajeto de elevador, chegou à conclusão de que Alice Waterhouse era uma farsante, que se fazia de princesa de gelo com ele, mas que era apenas uma representação. Não sabia o que havia por trás, mas estava disposto a descobrir.
Capítulo 3
Alice já sabia que a sala de baile era no primeiro andar. Estivera lá naquela manhã para verificar se tinham seguido as suas instruções. Também se ocupara pessoalmente de pôr os cartões com os nomes no seu lugar e tentara satisfazer os desejos dos convidados. Cada cartão tinha o nome do convidado à frente e um número para o leilão atrás.
Saiu primeiro do elevador para que Jeremy não a agarrasse pelo cotovelo outra vez. Odiava ser brusca, mas seria se tivesse de ser e teria de ser se continuasse a tratá-la daquela forma. O seu contacto fazia-lhe coisas no corpo em que não suportava pensar.
– Por aqui – indicou ela, enquanto se apressava pelo corredor.
Alcançou-a com dois passos. Era muito mais alto e tinha as pernas muito compridas. Além disso, ela não conseguia andar muito depressa com uns saltos de dez centímetros e uma saia tão justa.
O corredor acabava por se abrir para um espaço maior onde dois empregados estavam a dar os últimos retoques numa zona paralela a uma parede e reservada para o bar.
– As bebidas prévias ao jantar estão programadas a partir das sete e meia – comentou Alice, enquanto abria a porta dupla que dava para a sala de baile. – O jantar começa oficialmente às oito e meia. Pedi-te para vires às sete para que tivesses tempo de ler a lista de lotes que vão