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Uma Marcha De Reis . Морган РайсЧитать онлайн книгу.

Uma Marcha De Reis  - Морган Райс


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andar pelo castelo sem que ninguém saiba por onde eu ando. Quando éramos mais novos, Gwen, Godfrey e eu costumávamos brincar de esconde-esconde nelas. Kendrick era bem mais velho e Gareth não gostava de brincar conosco. Sem tochas, essa era a regra. Escuro como breu. Era assustador naquele tempo.”

      Thor tentava acompanhar Reece enquanto ele percorria a passagem com uma impressionante exibição de virtuosismo, era óbvio que ele sabia cada passo de cor.

      “Como é possível que se lembre de todas essas voltas?” Thor perguntou admirado.

      “Você se converte em um solitário, crescendo como um garoto neste castelo.” Reece continuou. “Especialmente quando todo mundo é mais velho, você ainda é muito jovem para entrar para a Legião e não tem muito o que fazer. Eu fiz de minha missão descobrir cada canto e recanto desse lugar.”

      Eles deram mais uma volta, desceram três degraus de pedra, viraram e passaram por uma abertura estreita na parede, então desceram uma longa escada. Finalmente, Reece os levou até uma grossa porta de carvalho coberta de poeira. Ele inclinou-se, encostou a orelha na porta e escutou. Thor se aproximou e ficou ao lado dele.

      “Que porta é essa?” Thor perguntou.

      “Psiu!” Reece pediu silêncio.

      Thor ficou quieto e também encostou sua orelha na porta, escutando. Krohn ficou ali atrás deles, olhando para cima.

      “É a porta traseira dos aposentos de meu pai.” Reece sussurrou. “Eu quero ouvir para saber quem está com ele.”

      Thor ouvia as vozes abafadas atrás da porta com o coração batendo descompassado.

      “Parece que a sala está cheia.” Reece disse.

      Reece virou-se e deu uma olhada significativa para Thor.

      “Você estará andando direto para uma tempestade de fogo. Os generais estão aí, os conselheiros, a família real – todo o mundo está aí. Eu tenho certeza de que cada um deles estará à sua procura, você é o suposto assassino. Vai ser como entrar em uma turba de linchamento. Se meu pai ainda achar que você tentou assassiná-lo, você estará acabado. Tem certeza de que quer fazer isso?”

      Thor engoliu em seco. Era agora ou nunca. Sua garganta secou quando ele percebeu que esse era um dos momentos de reviravolta em sua vida. Seria muito mais fácil voltar atrás agora, fugir. Ele poderia ter uma vida tranquila em algum lugar, longe da Corte do Rei. Ou então, ele poderia passar por aquela porta e certamente acabar passando o resto de sua vida no calabouço, junto com aqueles cretinos – ou pior ainda, ser executado.

      Ele respirou fundo e decidiu-se. Ele tinha de enfrentar seus demônios cara a cara. Ele não podia retroceder.

      Thor assentiu com a cabeça. Ele estava com medo de abrir a boca, com medo de que caso o fizesse, acabasse mudando de ideia.

      Reece acenou de volta com um olhar de aprovação, em seguida, puxou o trinco de ferro e empurrou a porta com seu ombro.

      Thor piscou com a luz das tochas brilhantes quando a porta foi aberta. Ele encontrava-se de pé no meio dos aposentos do rei, Krohn e Reece logo atrás dele.

      Havia pelo menos duas dúzias de pessoas apinhadas em torno do rei, quem jazia em seu leito; algumas estavam de pé ao lado dele, outras ajoelhadas. Em torno do rei estavam seus conselheiros e generais, junto com Argon, a rainha, Kendrick, Godfrey – e até mesmo Gwendolyn. Era uma vigília de morte, e Thor estava invadindo um momento privado da família.

      A atmosfera na sala estava sombria, a expressão dos rostos era grave. MacGil jazia sobre uma pilha de travesseiros e para o alívio de Thor ele ainda estava vivo – pelo menos por enquanto.

      Todos os rostos se voltaram, estupefatos diante da súbita entrada de Thor e Reece. Thor percebeu que sua repentina aparição no meio do quarto e sua entrada  por uma porta secreta na parede deviam ter causado um tremendo choque.

      “Esse é o rapaz!” Gritou alguém na multidão, ficando de pé e apontando para Thor com ódio. “Foi ele quem quis envenenar o Rei!”

      Guardas investiram contra ele de todos os cantos da sala. Thor não sabia o que fazer. Uma parte dele desejava dar volta e fugir, porém ele tinha de enfrentar essa turba furiosa, tinha de fazer as pazes com o Rei. Então ele se preparou quando vários guardas correram para a frente, tentando agarrá-lo. Krohn, ao seu lado, rosnava, advertindo-lhe sobre seus atacantes.

      Ao permanecer ali, ele sentiu um calor súbito tomar seu corpo, um poder surgindo de dentro dele; ele levantou uma mão involuntariamente estendeu sua palma e dirigiu sua energia diretamente a eles.

      Thor ficou espantado quando todos eles pararam no meio da investida, a poucos passos de distância, como se estivessem congelados. Seu poder, qualquer que fosse, brotava dele, mantendo os guardas à distância.

      “Como ousa entrar aqui e usar de feitiçaria, rapaz?!” Brom – o general mais prestigiado— do rei gritou desembainhando sua espada. “Tentar matar nosso Rei uma vez não foi o suficiente?”

      Brom aproximou-se de Thor com sua espada na mão; quando ele fez isso, Thor sentiu algo apoderar-se dele, um sentimento mais forte do que qualquer outro que ele já tinha tido. Ele simplesmente fechou os olhos e se concentrou. Ele sentia a energia da espada de Brom, sua forma, seu metal e de alguma maneira ele e a espada eram um só ser. E na sua mente ele quis detê-la.

      Brom ficou congelado no meio do caminho, com os olhos arregalados.

      “Argon!” Brom gritou. “Detenha esse feiticeiro de uma vez! Detenha o rapaz!”

      Argon deu um passo à frente da multidão e lentamente baixou o capuz de sua cabeça. Ele encarou Thor com seus olhos intensos, ardentes.

      “Eu não vejo nenhuma razão para detê-lo.” Disse Argon. “Ele não veio aqui para causar nenhum dano.”

      “Por acaso está louco? Ele quase matou o nosso Rei!”

      “Isso é o que você supõe.” Argon respondeu. “Isso não é o que eu vejo.”

      “Deixe-o ficar.” Disse uma voz grave e profunda.

      Todo mundo voltou-se quando o Rei MacGil sentou na cama. Ele se via mal, muito fraco. Notava-se claramente que fazia um grande esforço para falar.

      “Eu quero ver o rapaz. Não foi ele quem me apunhalou. Eu vi o rosto do homem, e não era ele. Thor é inocente.”

      Lentamente, os outros baixaram a guarda e Thor relaxou sua mente, deixando-os ir. Os guardas retrocederam, olhando para Thor com cautela, como se ele fosse de outro mundo e lentamente puseram suas espadas de volta nas bainhas.

      “Eu quero vê-lo.” MacGil disse. “A sós. Vocês todos. Deixem-nos a sós.”

      “Meu Rei…” Brom disse. “Vossa Majestade acha mesmo que é seguro? Somente Vossa Majestade e o rapaz aqui sozinhos?”

      “Thor não deve ser tocado.” MacGil disse. “Agora saiam. Todos vocês: incluindo minha família.”

      Um silêncio espesso caiu sobre a sala quando todos se entreolharam claramente em dúvida, sobre o que deviam fazer. Thor permaneceu ali, os pés grudados no chão, ele mal podia processar o que acontecia.

      Um por um, os outros, incluindo a família do rei, saíram da sala em fila, Krohn ficou aos cuidados de Reece. O quarto, que momentos antes estava tão cheio de pessoas, de repente estava vazio.

      A porta foi fechada. Eram apenas Thor e o rei, sozinhos no silêncio. Thor mal podia acreditar. Ver MacGil deitado ali, tão pálido, sentindo tanta dor, afligia Thor muito mais do que ele poderia imaginar. Ele não sabia o porquê, mas era quase como se uma parte dele estivesse morrendo também, ali, naquela cama. Ele desejava mais que tudo no mundo que o rei estivesse bem.

      “Venha aqui meu jovem.” MacGil disse debilmente, sua voz rouca, apenas mais alta do que um sussurro.

      Thor baixou a cabeça e correu para o lado do rei, ajoelhando-se diante dele. O rei estendeu-lhe o pulso mole; Thor pegou sua mão e beijou-a.

      Thor olhou e viu MacGil sorrindo fracamente.


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