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A Danúbio ao Entardecer. Barbara CartlandЧитать онлайн книгу.

A Danúbio ao Entardecer - Barbara Cartland


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      Ao ver Aletha descendo a escada usando um dos seus lindos vestidos comprados para seu début, o Sr. Heywood disse:

      —Você se parece muito com sua mãe, lady Aletha. Sem dúvida será a mais bela em todos os bailes aos quais comparecer!

      —Jamais serei tão encantadora quanto mamãe; porém, como a única filha de papai, farei o possível para que ele se orgulhe de mim.

      —Não poderá ser o contrário!— o Sr. Heywood respondeu com sinceridade na voz, o que Aletha muito apreciou.

      Era consolador, ela pensou, ter quem a admirasse. Ao mesmo tempo veio-lhe à mente que, pertencendo à família Ling, na qual no decorrer dos séculos as mulheres sempre foram aclamadas por sua beleza, ela própria poderia não fazer jus à reputação granjeada por tais beldades.

      Os quadros que enfeitavam as paredes da galeria Van Dyck, ali em Ling, atestavam que, através das gerações, a beleza de traços era o que caracterizava aquela família.

      Grandes pintores haviam retratado os ancestrais do Duque de Buclington. Além das inúmeras obras da galeria, havia ao lado das escadas e nos salões telas pintadas por grandes mestres, como Gainsborough, sir Joshua Reynolds e Romeney.

      Aletha admirava esses retratos e admitia que se parecia com aquelas beldades, contudo costumava dizer a si mesma: “Sem dúvida estou numa competição difícil e até desigual!”

      Atualmente Aletha tinha mais confiança em si mesma e não ignorava que os elogios que lhe dirigiam eram sinceros. Dois ou três anos atrás, a situação era diferente. Ela passava então pelo que se costumava chamar de “idade feia e sem graça”. Quantas vezes ouvira os amigos do pai dizerem:

      —Oh, esta é a Aletha? Imaginei que ela fosse parecida com a mãe! A Duquesa foi uma das mulheres mais lindas que já tive a felicidade de conhecer!

      Naturalmente os amigos do Duque não desejavam ser indelicados. Porém Aletha compreendia a insinuação e não se cansava de pedir a Deus que lhe desse um pouco mais de beleza quando ficasse uma mocinha.

      Então, como por milagre, suas preces foram atendidas. Ela passou a ver refletida no espelho uma imagem muito bonita e cada vez mais se dava conta de que se parecia com a mãe e com as outras lindas Duquesas de Ling.

      Todavia, em sua modéstia, não se julgava igualmente linda, apenas parecida. Mais tarde, nessa noite, tendo o Sr. Heywood deixado Ling, Aletha ficou a sós com o pai e comentou:

      —O Sr. Heywood pareceu sincero ao dizer que pareço com mamãe. Espero que quando for para Londres as pessoas me admirem.

      —Você quer dizer “os homens”, não é? Asseguro-lhe que você já é uma linda mocinha e ficará ainda mais encantadora quando ficar um pouco mais velha, minha querida.

      —Acha… mesmo, papai?

      —Sim, e já estou observando os jovens cavalheiros, pois tenciono escolher um excelente marido para você.

      A filha olhou atônita para o Duque e disse, pouco depois, com certa dificuldade:

      —Um… marido?

      —Naturalmente. Se sua mãe estivesse viva, ela também estaria ansiosa, pensando em ver nossa única filha fazer um casamento brilhante com um cavalheiro, o qual teríamos orgulho de receber como genro.

      Incapaz de falar, Aletha permaneceu em silêncio por um instante. Depois conseguiu articular umas poucas palavras numa voz sumida:

      —Creio, papai, que eu mesma devo encontrar… meu marido.

      —Isto é impossível!— o pai exclamou, sacudindo a cabeça.

      —Mas… por quê?

      —Porque nas famílias reais e nobres como a nossa os casamentos são sempre arranjados. Fazemos isso com discrição, porém de modo definitivo!— o Duque fitou Aletha com suavidade no olhar—, você é minha única filha, por isso serei muito exigente na escolha de seu futuro marido. Estou decidido a ter como genro um aristocrata que, para dizê-lo com poucas palavras, esteja a sua altura.

      —Mas, papai, suponha que eu… não o ame?

      —O amor geralmente nasce depois do casamento. Prometo- lhe, minha querida filha, que encontrarei um homem por quem você se apaixonará.

      —Mas suponha que ele não me ame e que me queira apenas porque... sou sua filha.

      O Duque fez um pequeno gesto com a mão.

      —Sem dúvida ele a amará. Um aristocrata só se casará se estiver certo de vir a apaixonar-se pela mulher que irá desposar. Eu me apaixonei por sua mãe. É comum um aristocrata aceitar o que os franceses chamam de “casamento por conveniência” por fazer questão de que sangue azul se una a sangue azul. Uma linda noiva é sempre muito desejada para dar continuidade a uma linhagem.

      —A meu ver, isto soa tão frio e sem romantismo, papai!

      —Aletha protestou depois de ter ficado pensativa por um momento— até parece que não se trata de um casamento, mas da escolha de uma mercadoria no balcão de uma loja.

      —Não é bem assim — o Duque retrucou de modo incisivo.

      —Prometo-lhe que não a forçarei a se casar com um cavalheiro de quem não goste.

      —Tudo o que desejo é amar alguém que me ame pelo que sou e não por ser sua filha.

      —Muitos homens a amarão por você mesma. Porém, quando a questão for casamento, acredito que eu estarei muito mais capacitado do que você, com tão pouca idade, a escolher o homem certo para ser seu marido, de modo a assegurar sua felicidade, filha adorada.

      —Por que diz isso?

      —Porque uma jovem ingênua pode muito bem se deixar enganar por um homem que tenha “lábia”, como se diz comumente. Minha filha, nem sempre um homem controlado, bem-educado e bem-nascido tem o dom de saber usar palavras doces e românticas!

      —Em resumo, o que você está querendo dizer, é que eu sou capaz de me deixar impressionar pelas palavras de um homem, ainda que não sejam sinceras— Aletha concluiu.

      —Há homens loquazes, desenvoltos e capazes de se mostrarem encantadores quando a questão é dinheiro e título de nobreza— o Duque observou com ceticismo.

      Aletha permaneceu em silêncio, não ignorava que qualquer homem da Inglaterra iria considerar um privilégio e uma honra ser genro do Duque de Buclington. E ela era sua única filha.

      Mesmo tendo um irmão, o qual no momento se encontrava na Índia como ajudante-de-ordens do Vice-Rei, que herdaria a maior parte da fortuna paterna bem como o título de nobreza, Aletha possuía uma grande fortuna, herança materna, e teria ainda participação no dinheiro do pai.

      Ela seria tola demais, se não compreendesse que uma jovem como ela poderia ser vítima de caçadores de dotes que se vangloriariam do grande triunfo de tê-la conquistado. Como ela dissera, se isso acontecesse, teria sido escolhida não por si própria, mas pelo dinheiro e título do pai.

      —Até o momento não tivemos a oportunidade de tocarmos nesse assunto, filha, mas eu pretendia falar sobre isso com você antes de irmos para Londres para a temporada. Minha querida, tudo o que você tem a fazer é ser sensata e deixar este assunto aos meus cuidados. Desde criança você tem confiado em seu pai e não posso acreditar que agora não fará o mesmo.

      —Amo-o muito papai, e claro, confio em você, mas quero me apaixonar como você e mamãe se apaixonaram.

      —Um amor como o nosso só acontece uma vez em um milhão de anos! Assim que entrei no salão e vi sua mãe, soube que eu havia encontrado a jovem, fosse ela quem fosse, viesse de onde viesse, que haveria de ser minha esposa!

      —Mamãe também me dizia que ao conhecê-lo soube que havia encontrado o homem de seus sonhos.

      —Fomos felizes, querida,


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