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Chuva De Sangue. Amy BlankenshipЧитать онлайн книгу.

Chuva De Sangue - Amy Blankenship


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ele a soltara tão depressa.

      Fechando a mão em volta da marca na palma da mão, ela disse a primeira coisa que lhe veio à mente. — Que diabos você fez comigo?

      — Eu te assusto? — perguntou Syn, encostando contra a cabeceira da cama dela e cruzando os braços sobre o peito.

      Angélica foi tomada de surpresa pela pergunta, fazendo com que enrugasse a testa levemente ao ver os braços cruzados dele, antes de erguer o olhar para encontrar seus luminosos olhos de ametista. Estavam brilhando de um jeito que ela juraria que era de raiva, mas ele parecia tão calmo que foi sereno.

      — Não tenho medo de você — ela lhe informou com audácia, depois recuou rápido, quando ele se moveu da cabeceira e se dirigiu em sua direção.

      — Não fiz nenhum mal a você — Syn defendeu-se, com um rosnado contido de maneira insatisfatória, sabendo que já tinham vivido essa situação. Ela lutou com ele no passado até perder a sanidade, antes de finalmente admitir derrota, e ele não estava interessado na repetição desse fato. Ele sentiu uma estremecida mental ao lembrar como essa história terminou. — Você é a única razão de eu estar aqui.

      Angélica sacudiu a cabeça, rejeitando a responsabilidade de ser a razão de qualquer coisa para qualquer um. Colocou tantos muros a sua volta que o único que esteve perto de rompê-los foi Zachary. Ou, para ser honesta, foi o alter ego Zach que os atravessava sem piedade. Entristeceu-se momentaneamente pelo fato de agora sentir falta da amizade e dos conselhos indesejados dele.

      Os olhos de Syn entrecerraram, ouvindo o luto dela por causa da intimidade que tivera com a fênix. Era lamentável ela ter esquecido que ele, Syn, era um homem muito possessivo e jamais dividiria ela com outros. Ele havia matado para ficar com ela antes, e mataria de novo, sem hesitar.

      Empurrou seu poder para dentro quando ele tentou incidir na recordação, e Syn percebeu que estava próximo do seu limite. Como teria ela o reduzido a esse estado impaciente tão depressa?

      — Você não veio aqui por minha causa — Angélica amarrou a cara, enfatizando o que pensou ser óbvio. — Veio porque seus garotos estão aqui, e devo acrescentar, parecem ter a mesma idade que você... mais como seus irmãos, e não filhos seus. E agora está permanecendo aqui para ajudar Storm a lutar contra os demônios — sua voz esmoreceu, quando suas costas bateram na parede, ao mesmo tempo em que as palmas das mãos dele encostaram nela, em cada lado... prendendo-a de modo eficiente contra a pedra pintada do castelo.

      — Meu colega é quem está ajudando Storm... não eu — Syn rosnou asperamente. — Estou aqui apenas para protegê-la de ser morta à toa de novo!

      — Nunca me mataram — revidou Angélica, negando, depois se encolheu quando a parede rachou sob as palmas das mãos dele, fazendo com que linhas tortas se esgueirassem pela pedra, perto da cabeça e dos ombros dela.

      — Pare — ela murmurou, mal soprando a palavra.

      Havia definitivamente algo de errado nele, mas em vez disso assustá-la... estava, de súbito, partindo seu coração. Ela abrandou a respiração, querendo ser cuidadosa agora, pois sentiu que se não fosse, aquele homem poderoso a sua frente se despedaçaria e isso seria o começo do seu mais genuíno medo.

      — Eu vou te segurar até eu me acalmar — Syn avisou, assim que se inclinou para frente e a arrastou para si.

      Quando Angélica não lhe resistiu, Syn sentiu um pouco do sofrimento opressivo sair dos seus ombros tensos. Ela podia não se lembrar da própria morte, mas era uma lembrança que ele ainda se esforçava em manter enterrada dentro de si... para sua própria sanidade. Mantendo-a presa, lentamente se abaixou até os joelhos, puxando-a para baixo da parede com ele. Ele deixou uma mão trêmula percorrer por cima e por baixo do cabelo negro e sedoso dela, pressionando suas bochechas na curva de seu pescoço, e colocando seus lábios contra sua têmpora enquanto fazia isso.

      Angélica pestanejou quando sentiu o corpo dele estremecer contra o dela e sua respiração ofegante na orelha. Era como se ele estivesse lutando contra algo que ela não podia ver. Usando isso como motivo para ceder por enquanto, aos poucos relaxou o contato com ele, e o deixou abraçá-la. Ficou espantada por quão aquecida e protegida rapidamente se sentiu, ao ser abraçada por ele. Ele era bastante alto e forte, ainda assim ela podia sentir seu comedimento enquanto a abraçava.

      Criando coragem para satisfazer sua curiosidade, ela manteve a voz suave e calma quando falou:

      — Não entendo o que fiz para ganhar a sua atenção.

      — Não... você não entenderia — concordou Syn e delicadamente beijou o cabelo negro dela, antes de colocar suas bochechas contra ele.

      Uma parte dele não queria lembrá-la do passado maculado deles... não queria ver o lampejo de ódio nos olhos dela pelo que ele fez. Não quando não tinha intenção de pedir seu perdão. Tinham merecido morrer... todos eles.

      — Você não é muito útil — acrescentou Angélica, sentindo-se um pouco esgotada de todos os surtos de adrenalina que experimentou nas últimas horas.

      Ela não havia mentido... não estava com medo dele... nem tanto. Havia testemunhado ele quase se matar para trazer de volta à vida um quarto cheio de crianças assassinadas. Como ela podia verdadeiramente temê-lo, quando era tudo o que podia fazer para evitar sua aproximação? Teria de encontrar um meio de distanciar-se dele de modo permanente.

      — Você é cruel comigo, Angélica — sussurrou Syn, tendo ouvido seus pensamentos mais profundos. — Se mantiver sua alma aprisionada... saberá o quão cruel você me tornou.

      Seu medo aumentou com as palavras dele, e Angélica tentou afastar-se para longe, em vão. Queria ele levar sua alma como levou de tantos outros humanos? Era essa a verdadeira razão de a estar perseguindo?

      — Você não tem direito à minha alma, nem nunca terá — insistiu ela, quando seu instinto de lutar ou fugir surgiu, intensificando sua luta.

      — Ah não? — Syn rosnou, sentindo que perdera a sanidade. — Quer que eu destrua outro mundo só para provar a você?

      Angélica arregalou os olhos e se deteve. O que quis dizer com destruir outro mundo? Igualmente rápida, ela decidiu não perguntar, porque realmente... quem gostaria de saber? Sentiu o medo indesejado a agarrando, mesmo depois de empurrar as perguntas inquietantes para dentro do lado mais obscuro da sua mente.

      Ele podia sentir a respiração dela acelerar, soprando contra seu pescoço suavemente, e embora a sensação fosse tranquilizadora, estava esquentando seu sangue, o que não era bom para seu autocontrole nessa hora. Esse mundo o manteve à distância por tempo suficiente. Syn a segurou mais forte e se curvou em sua volta de maneira protetora, quando as pequenas lâmpadas do lindo candelabro no centro do quarto estouraram, projetando uma série de chuvas rápidas de fagulhas se derramando, que depois se dissiparam.

      Angélica começou a olhar para o teto, mas Syn não lhe permitia erguer a cabeça, então ficou colada a ele, imaginando o que fazer. Amanhecia agora, o quarto levemente sombreado, em vez de totalmente escuro.

      — Estamos brigando? — ela perguntou num sussurro. Porque se estavam, ela já sabia que perderia.

      — Não — ele resmungou rudemente, e depois lançou um olhar para o espelho oval da penteadeira quando o móvel se atreveu a rachar com um estalo forte.

      — Pois então, que tal me dizer qual é o problema antes de você destruir meu quarto de novo? — Angélica reclamou, antes de poder se controlar.

      Syn congelou ao ouvir ela dizer... de novo. Estava ela afinal recordando coisas que não haviam acontecido nessa existência... ou mundo, nesse caso? Será que sua alma era forte bastante para, enfim, sacudir a jaula da sua prisão mortal? Cuidadosamente, fechou a mão em punho nos cabelos negros em que seus dedos estavam enrolados, para que pudesse inclinar-se para trás e procurar a verdade nos olhos dela.

      — De novo? — a voz dele soava atormentada até para si mesmo.

      —


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