Sangue Contaminado (Laços De Sangue Livro 7). Amy BlankenshipЧитать онлайн книгу.
“Ia detestar tornar-me num alvo fácil para algum Skitter sortudo, só porque decidi deitar-me no cemitério e fazer uma sesta. Não dormi nada nos últimos dois dias.”
Os três partiram em direção à entrada do cemitério, matando mais alguns Skitters pelo caminho. Quando por fim chegaram ao carro de Trevor, Chad teve de parar e ficar a olhar por um momento, incapaz de controlar o sorriso sádico que lhe surgiu no rosto.
“Onde está o teu carro antigo?”, perguntou Envy, enquanto Trevor se aproximava da beldade negra nova. “Não que este não seja espetacular, porque é.”
Trevor imobilizou-se repentinamente, lembrando-se da funcionalidade extra que Ren pusera no carro. Merda! Sentiu uma vontade súbita de se virar e desatar a fugir dali para fora.
“Trevor,” disse Evey animadamente na voz que roubara a Envy. “Estou tão feliz por estares bem. Examinei toda a gente que ia e vinha da entrada e já arquivei a maior parte do teu relatório no sistema do PIT.”
A cor desapareceu do rosto de Trevor, enquanto examinava Envy e via a sua expressão de incredulidade.
“Trevor.” Envy imitou a preocupação que ouvira na voz do carro… a sua voz. “Há mais alguma coisa que queiras partilhar?’
“Oh, quem é esta?”, perguntou Evey. “Nunca a vi antes e não consta da base de dados do PIT. Devo adicioná-la?”
Se Trevor não soubesse, ia jurar que a voz de Evey estava demasiado doce para ser sincera.
“Evey, esta é a minha irmã Envy”, apresentou Chad. “Ela é humana e não faz parte do PIT. Será que podias levar-nos para casa?”
As portas do carro abriram-se e eles entraram, com Trevor e Chad à frente, e com Envy no banco de trás.
“Quando é que aprendeste a falar?”, perguntou Envy, lançando um olhar furioso a Trevor através do espelho retrovisor. Se os olhares pudessem matar, era um homem morto quem estaria a conduzir o carro.
“Recentemente”, disse Evey numa resposta rápida e curta… acrescentando depois de repente: “Não te atrevas a pensar que podes afastar o Trevor de mim.”
Chad ergueu as sobrancelhas e desatou a rir tanto que começou a sentir dores.
“Oh, não te preocupes com isso”, disse Envy com um sorriso afetado quase maldoso, dirigindo-se a Trevor através do espelho. “Não tenho intenções de o afastar de ti. Penso que vocês são o casal perfeito.”
Evey arquejou com entusiasmo e as portas do carro fecharam-se. “Onde é que tu e o Chad vivem?” Desta vez a voz soava feliz.
“Eu conduzo”, disse Trevor, desejando que um buraco se abrisse no chão e que terminasse com aquilo. “Aproveita e familiariza-te com a Envy.”
“Sim”, disse Envy, enquanto Trevor ligava o carro. “Conta-me tudo sobre as coisas divertidas que tu e o Trevor têm andado a tramar.”
Chad quase tinha caído para o chão do carro com tanto riso, e não parou de rir quase até chegarem ao seu apartamento. Assim que Evey foi estacionada, Chad saiu rapidamente do carro e precipitou-se para o apartamento, sabendo que Envy ia demorar mais alguns minutos. Raios, o rosto doía-lhe. O mais engraçado era que, desta vez, isso não tinha sido culpa de Trevor.
“Evey”, perguntou Envy meigamente, “será que te importavas se o Trevor me levasse até à porta? Esta noite vi demasiados monstros para me sentir segura sozinha… e parece que o meu irmão mais velho me deixou para trás.”
Trevor encolheu-se, sabendo que estava em sarilhos, e Evey não estava a ajudar. Definitivamente, esta não era a sua noite.
“Boa ideia. Trevor, certifica-te de que nada de mal acontece à minha amiga nova. Vou terminar de atualizar o teu relatório PIT por ti.” O painel do carro acendeu-se, transformando-se num ecrã de computador quando Evey iniciou o seu projeto, enquanto cantarolava baixinho para si mesma. Decidira que, dado que Envy era irmã de Chad, e obviamente combatia contra monstros, merecia ter o seu próprio ficheiro adicionado à base de dados do PIT. Secretamente, tirou uma fotografia à rapariga com a sua máquina fotográfica oculta.
Trevor suspirou, cedendo a um momento de autocomiseração, e saiu lentamente do carro. Bem, ele desejara ter um momento sozinho com Envy e agora parecia que ia consegui-lo. Estava mesmo a esforçar-se para ver o lado positivo das coisas, mas o lado positivo começava a parecer muito sombrio.
Chegaram por fim à porta e Trevor olhou de volta para Evey, reparando que uma árvore enorme no jardim da frente estava entre eles. Envy escolheu esse momento para atacá-lo e encarou-o ferozmente, tendo passado a viagem toda a pensar nisso. Espetou o dedo no peito dele com tanta força que Trevor teve a certeza de que ia ficar com um buraco quando terminassem.
“Era suposto aquilo ser uma piada? Porque, se era, não teve muita graça”, silvou Envy numa voz abafada, desconhecendo quão sensível o microfone do maldito carro era.
“Oh, é mesmo uma piada”, rosnou Trevor. “Mas era suposto atormentar-me a mim… não a ti. Sinceramente, tinha-me esquecido completamente daquilo até regressarmos ao carro”, explicou Trevor, passando a mão pelo cabelo. “Lamento que tenhas tido de ver aquilo.”
Ver a sinceridade nos olhos dele e ouvi-la na sua voz fez desvanecer o ataque de fúria de Envy. Ele estava a dizer a verdade… esperava ela. “Por que razão alguém te faria uma coisa dessas?”
Os olhos de cor prata azulada de Trevor escureceram ligeiramente enquanto fitava a sua alma gémea. “Porque toda a gente no mundo sabe que te amo e tu me odeias. Eles acham engraçado. Por que é que achas que o Chad estava a rir que nem um maluco durante a viagem toda?”
“Trevor.” Envy sentia o peito dolorosamente contraído com as palavras dele. “Isso não é verdade”, corrigiu suavemente. “Jamais conseguiria odiar-te.”
“Eu sei.” Trevor esboçou um ligeiro sorriso, que rapidamente se transformou numa expressão de desagrado. “Estou bem ciente de que estás apaixonada por nós os dois. O Devon também sabe disso.”
Envy arregalou os olhos e deu um passo para trás. Abanando vagamente a cabeça, sussurrou: “Por que pensas isso?”
“Nós somos metamorfos, Envy… conseguimos cheirá-lo”, insistiu Trevor, dando um passo em frente e aproximando-se. “Não digas que não me queres, quando sei que isso não é verdade. Amas-me tanto quanto o amas a ele porque tens duas almas gémeas.” Engoliu em seco, agora que tinha verbalizado tudo.
Envy permaneceu em silêncio, olhando para ele com olhos inocentes e sentindo que fora apanhada pelo seu radar. Não sabia como responder àquilo, porque a verdade era que… Trevor ainda conseguia dar-lhe a volta num piscar de olhos. Tinha estado até a forçar-se a ignorar a atração que sentia por ele, pelo facto de ter escolhido Devon.
“Diz-me que não me amas”, sussurrou Trevor, inclinando-se e ficando tão perto que os seus lábios quase se tocavam.
Desta vez foi Envy quem engoliu em seco. Obrigara-se a negar as palavras dele porque havia sentimentos enterrados que não o permitiriam. Ela detestava que lhe mentissem… então era quase incapaz de o fazer. Ainda o amava…, mas não estava certo estar apaixonada por dois homens ao mesmo tempo.
“Amo o Devon”, soprou ela nos lábios dele, ao mesmo tempo que se condenava por voltar a magoá-lo.
“Uma jogada inteligente… evasão”, disse Trevor passado um momento, e inclinou-se ligeiramente para trás para perfurar o olhar dela com o seu. “Porque, se me mentires… vou conseguir cheirar a mentira em ti.”
Envy recuou um passo enquanto Trevor pairava acima dela, bloqueando todo o resto, embora se tenha afastado. Esticando o braço atrás de si, a mão dela moveu-se atrapalhadamente, tentando encontrar a maçaneta da porta. Não queria pensar naquilo… estava a deixar-lhe o coração destroçado.
Por fim, os seus dedos roçaram na maçaneta e ela rodou-a, abrindo a porta. Deslizou para dentro e ia fechar a porta, quando a mão de Trevor disparou e a impediu de o fazer.
“Sabes