Refém dos seus beijos. Эбби ГринЧитать онлайн книгу.
para o seu próprio bolso.
Nessa ficou pálida ao ouvir de quanto dinheiro se tratava. Mas obrigou-se a mostrar-se firme, pelo irmão.
– Ele não roubou o dinheiro. Não foi culpa dele. Piratearam-no. De alguma forma, alguém entrou na conta do vendedor e o Paddy enviou-lhes o dinheiro, achando que o enviava para o sítio correto.
O rosto de Barbier parecia esculpido em granito.
– Se isso é verdade, porque não está aqui para se defender?
Nessa obrigou-se a não perder as forças à frente daquele homem tão intimidante.
– Disse-lhe que o prenderia. Pensou que não tinha escolha.
Então, Nessa recordou as palavras cheias de ansiedade do irmão: «Ness, não sabes do que esse homem é capaz. Despediu um dos empregados da coudelaria no ato no outro dia. Para ele, todos são culpados. Vai destruir-me. Nunca mais voltarei a trabalhar nessa área…»
Barbier cerrou os dentes.
– O facto de ter fugido depois dessa conversa telefónica só o faz parecer mais culpado.
Nessa ia defender novamente o irmão, mas engoliu as palavras. Não fazia sentido explicar àquele homem que o irmão já tivera problemas com a lei quando passara por uma fase adolescente demasiado rebelde. Paddy esforçara-se muito para virar a página, mas tinham-lhe dito que, se voltasse a infringir a lei, iria diretamente para a prisão por causa dos seus antecedentes. Essa fora a razão por que entrara em pânico e se escondera.
Luc Barbier observou a mulher que tinha à sua frente. Não compreendia porque continuava a tentar falar com ela. Mas a sua veemência e o seu desejo claro de proteger o irmão a todo o custo intrigavam-no. Na sua experiência, a lealdade era um mito. Todos agiam de acordo com os seus próprios interesses.
De repente, pensou numa coisa e praguejou. Estivera demasiado distraído com aquela cascata de cabelo avermelhado e aquela figura esbelta.
– Talvez também estejas implicada? Talvez só quisesses o portátil para te certificares de que destruías as provas.
Nessa sentiu que lhe tremiam as pernas.
– Claro que não. Só vim porque o Paddy… – começou a explicar ela e interrompeu-se, não querendo inculpar ainda mais o irmão.
– O quê? – inquiriu ele. – Porque o Paddy é demasiado covarde? Ou porque já não está no país?
Nessa mordeu o lábio. Paddy fora para os Estados Unidos para se esconder com o irmão gémeo, Eoin. Rogara-lhe que voltasse, tentando convencê-lo de que Barbier não podia ser um monstro.
– Ninguém se atreve a meter-se com o Barbier. Não me surpreenderia que tivesse antecedentes penais… – indicara o irmão.
Durante um instante, Nessa sentiu-se enjoada. Percorreu-a um calafrio. E o que aconteceria se Paddy fosse realmente culpado?
Imediatamente, repreendeu-se por duvidar da inocência do irmão. Aquele homem estava a fazê-la duvidar dela própria. Sabia que Paddy nunca faria uma coisa dessas, de maneira nenhuma.
– Olha, o Paddy é inocente. Estou de acordo contigo. Não devia ter fugido, mas isso já está feito – replicou, num tom firme. Mentalmente, desculpou-se com o irmão pelo que ia dizer depois. – Tem o costume de fugir quando há problemas. Foi-se embora durante uma semana inteira depois do funeral da nossa mãe!
Barbier ficou pensativo por um instante.
– Ouvi dizer que os irlandeses têm o costume de enrolar os outros com palavras para se safarem dos seus erros, mas isso não funcionará comigo.
– Não tento safar-me de nenhum erro – replicou ela, furiosa. – Só queria ajudar o meu irmão. Ele diz que pode provar a sua inocência com o portátil.
Barbier pegou no computador prateado e levantou-o.
– Examinámos o portátil a fundo e não há provas que apoiem a defesa do teu irmão. Não lhe fizeste nenhum favor ao vir aqui. Agora, parece ainda mais culpado e o mais provável é que te tenhas envolvido também.
Luc observou como ela ficava pálida. Aquela mulher incapaz de esconder as suas emoções era intrigante.
Mesmo assim, não conseguia acreditar que era inocente.
Nessa estava prestes a perder a esperança. Barbier era tão inamovível como uma rocha. Pousou o portátil e cruzou os braços novamente, apoiando-se na secretária que tinha atrás. Parecia um homem perigoso, sem lugar para dúvidas, pensou ela. Embora não se tratasse de um perigo físico, mas de algo mais pessoal, algo relacionado com a forma como o seu coração acelerava ao olhar para ele.
– Portanto, esperas que acredite que só vieste aqui por amor pelo teu maninho pobre e inocente – indicou ele, num tom brincalhão.
– Eu faria tudo pela minha família – replicou ela, com ferocidade.
– Porquê?
A pergunta apanhou Nessa de surpresa. Ela nem sequer questionara o irmão quando lhe pedira ajuda. Imediatamente, o seu instinto protetor encarregou-se da situação, apesar de ser a irmã mais nova.
A família sempre estivera unida nos tempos difíceis.
A irmã mais velha, Iseult, tomara conta deles depois da morte trágica da mãe, enquanto o pai se perdera no álcool. Iseult protegera os seus três irmãos dos excessos paternos, mesmo quando a sua coudelaria de garanhões fora à falência.
Contudo, Iseult não estava ali naquele momento. Tinha de ser Nessa a ajudar a família.
– Faria tudo porque nos amamos e nos protegemos entre nós.
Barbier ficou calado por um instante.
– Portanto, admites que serias capaz de te tornar cúmplice de um crime.
Ela tremeu. Sentiu-se sozinha até aos ossos. Sabia que podia ligar ao xeque Nadim de Merkazad, o marido de Iseult e um dos homens mais ricos do mundo. De certeza que ele conseguiria tirá-la daquela confusão numa questão de horas. No entanto, Paddy e ela tinham combinado que não diriam nada a Iseult e a Nadim. O casal esperava um bebé em poucas semanas e não queriam causar-lhes nenhuma tensão.
– Não entendes o conceito de família? Não farias o mesmo pela tua? – repreendeu-o ela, erguendo o queixo com um ar desafiante.
Barbier parecia paralisado.
– Não tenho família, portanto, não entendo a ideia, não.
Nessa tremeu por dentro. O que significava que não tinha família? Ela nem sequer conseguia imaginar a solidão dessa situação.
– Se a tua família está tão unida, irei falar com algum deles para que me traga o teu irmão ou o meu dinheiro.
– Isto só tem a ver com o Paddy e comigo – apressou-se a dizer ela.
Barbier arqueou uma sobrancelha.
– Falarei com quem for preciso para recuperar o meu dinheiro e para me certificar de que nada mancha a reputação do meu negócio na imprensa.
Nessa cerrou os punhos, tentando controlar o seu temperamento.
– Olha, sei que não te diz respeito, mas a minha irmã está prestes a ter um bebé. O meu pai está a ajudá-la e o marido e ela não têm nada a ver com isto. Sou totalmente responsável pelo meu irmão.
Luc sentiu uma emoção profunda no peito ao ouvir as suas palavras. Sobretudo, quando lhe era impossível entender o conceito de família, como ela dizia. Como podia, quando o seu pai argelino o abandonara antes de nascer e a mãe instável morrera com uma overdose quando ele tinha dezasseis anos?
O mais parecido que tivera com uma família fora um idoso que vivera na casa do lado… Um homem pobre e solitário que, apesar de tudo, lhe mostrara um caminho para sair do poço.
Luc