Casamento de confiança. Emma DarcyЧитать онлайн книгу.
a outra mulher, como se estivesse a contar quantos filhos Hannah poderia ter. – Talvez tenha de se estabelecer, menina O’Neill. Quanto tempo pretende ficar em Porto Douglas?
– Oh, o tempo que durar o emprego, senhora King.
Uma aprovação calorosa surgiu na expressão da senhora, o que aumentou a confiança de Hannah. Família era obviamente o factor chave. A jovem não se importava com o porquê, contanto que funcionasse.
– Reparei que passou a última estação turística a trabalhar na Reserva King Éden Wilderness, em Kimberley – comentou a velha senhora.
King Eden, King Castle… Uau! Seria tudo filial da mesma família? Os King de Outback e os King dos Trópicos?
– O que achou? – continuou Isabella Valeri King.
O entusiasmo de Hannah não podia ser fingido.
– Na minha opinião, a reserva é a parte mais fantástica de Outback. Foi uma óptima experiência. Assim como ter trabalhado com o chefe de cozinha, Roberto – acrescentou. – Ninguém cozinha peixe como o Roberto. É absolutamente maravilhoso.
– Aprendeu a cozinhar com ele?
– Senhora King, dê-me um peixe fresco e terá uma refeição inesquecível.
– Acredito na sua palavra, menina O’Neill.
Bastava de comida! Era melhor voltar ao assunto da família.
– Existe uma ligação entre a família King e os King de Kimberley? – perguntou Hannah.
– Somos parentes – admitiu a velha senhora, orgulhosa. – O irmão mais velho do meu marido, Edward, desenvolveu a família em King’s Éden.
Ao recordar-se da maravilhosa propriedade na grande estação de gado, situada como uma coroa no topo de uma montanha com vista para o rio, teve de perguntar:
– O seu marido construiu este castelo?
– Não. O meu pai construiu-o. Costumava ser conhecido como Palacete Valeri. Depois do meu pai morrer, o meu filho assumiu as plantações, e a partir daí as pessoas locais começaram a chamá-lo de Castelo King, e é assim até hoje.
– Plantações? – quis saber Hannah.
– Naquela época, era apenas cana-de-açúcar. – Fez um gesto para indicar a plantação que se perdia de vista. – Olhe para a pequena baía.
Campos de cana estendiam-se do mar às montanhas.
– A minha mãe costumava ver a queima da cana, aqui da torre. Mas agora já não se queimam os campos. A cana é colhida verde com máquinas especiais. O meu neto, Alessandro, administra os negócios da cana. O irmão dele, António, administra as plantações de chá.
– Chá? – Hannah lembrou-se de ter visto uma plantação de chá em Cape Tribulation.
Isabella assentiu.
– Embora ache que o António está mais interessado na sua companhia de viagens. O novo barco, Duquesa, é o orgulho e a alegria dele.
Então António seria o seu chefe se conseguisse o emprego. António, Alessandro… uma forte influência italiana. Talvez aquilo justificasse as perguntas sobre a família.
– O seu curriculum diz que trabalhou num barco em Fremantle, no oeste da Austrália – prosseguiu Isabella.
Hannah assentiu.
– Serviço de buffet para cruzeiros ao pôr-do-sol – Se é que se podia chamar a bebidas e salgados de serviço de buffet!
– Então está acostumada a trabalhar num navio?
– Oh, sim, claro.
– E não fica enjoada?
– Nunca fiquei.
Verdade, mas compraria alguns comprimidos para o enjoo, apenas por precaução.
– Matteo exige no Duquesa uma excelente selecção de fruta exótica – informou a senhora King. – Terá de aprender as qualidades da mesma. Matteo é o meu neto mais novo. Administra as plantações de fruta tropical.
Três reis, pensou Hannah. Perguntou-se se tinham esposas.
– A senhora tem algum bisneto?
A Isabella King sorriu, os olhos brilhavam encantados.
– Um menino, o Marco. É filho de Alessandro e de Gina, estão à espera de outro.
– Os meus parabéns – disse, de coração.
– Obrigada. Infelizmente, os meus outros dois netos ainda não encontraram… a mulher certa.
– Não é fácil – concordou Hannah com cumplicidade.
– O amor é uma dádiva – murmurou a senhora King, com um olhar de satisfação que atiçou outra vez a curiosidade da jovem.
Antes que pudesse perguntar o que queria, ambas foram surpreendidas pelo barulho de um helicóptero que sobrevoava a propriedade.
A senhora King exclamou satisfeita:
– É o António. Disse que viria, se pudesse.
O coração de Hannah disparou. Estava tudo a correr tão bem, tinha conseguido estabelecer um caloroso vínculo, que certamente resultaria no emprego desejado; mas agora tinha de se confrontar com o chefe e ganhar também a simpatia dele.
Risco duplo!
Pelo menos tinha a avó dele do seu lado, o que era um consolo, mas sem dúvida, a última palavra seria do chefe.
António…
Solteiro.
Isso significava que era difícil agradá-lo? Ou era apenas demasiado ocupado com as suas plantações e barcos para se interessar por uma mulher? Bem, Hannah esperava fervorosamente que António King ainda tivesse a cabeça nos negócios do chá, pelo menos até que ela pudesse convencê-lo.
Capítulo 2
O coração de Hannah disparou alucinadamente quando uma das portas da grande entrada do castelo se abriu e o homem caminhou na sua direcção. As pernas amoleceram e o estômago contraiu-se, como se todos os músculos femininos estivessem a dar o sinal de alerta. Ainda bem que estava sentada, ou os joelhos ter-se-iam derretido.
Se aquele era António King, era o máximo! Alto, bronzeado e bonito. Uma energia dinâmica emanava dele. Tinha um efeito magnético que prendeu o olhar de Hannah e a hipnotizou.
Estava de calções cinzentos e de camisa às riscas cinzentas e brancas, colarinho aberto e mangas arregaçadas. Os braços e as pernas expunham poderosos e atléticos músculos. Do tipo que encantavam qualquer mulher.
– Nonna! – Braços abertos para a avó, um lindo sorriso marcava o rosto de traços fortes. – Muito obrigado por fazer as entrevistas por mim.
– Foi um prazer, António – disse, levantando-se da cadeira para recebê-lo com afeição, a qual foi amplamente retribuída.
Envolveu-a num abraço caloroso e deu-lhe um beijo na testa, enquanto Hannah estava ocupada a admirar o lindo e arredondado traseiro do homem, assim como a abundância sedosa dos cabelos pretos e a perfeição das orelhas.
Ele desenvencilhou-se do abraço da avó e gesticulou em direcção a Hannah; um sorriso estonteante acompanhou a questão:
– E esta é…
– Menina Hannah O’Neill – respondeu a avó. – A terceira candidata ao emprego de chefe de cozinha do Duquesa.
– Hannah. – Ele aproximou-se, e ofereceu a mão para cumprimentá-la. Olhos verdes com intrigantes tons de castanho, encontraram os dela, com o impacto de uma bomba atómica, destruindo o escudo em volta do