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Amor o maior tesouro. Barbara CartlandЧитать онлайн книгу.

Amor o maior tesouro - Barbara Cartland


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      Mas enquanto que as comunicações, a tonelagem mercante e as conquistas por todo o mundo tinham criado para a Inglaterra um rico e poderoso império, Tyson Dale tinha que encarar o fato de muitos daqueles que eram os verdadeiros responsáveis por esse enriquecimento estarem na miséria.

      Como sempre acontecia depois das guerras, os homens que tinham sido aclamados heróis nos campos de batalha precisavam voltar à vida civil, e a maioria deles sem qualquer pensão.

      Não havia recompensas por terem arriscado suas vidas, mas também por terem abandonado seus ofícios, suas economias e, em muitos casos, suas esposas, seus lares e suas famílias.

      Tyson Dale, ao menos, não tinha com quem se preocupar, a não ser consigo mesmo!

      Ao mesmo tempo, dera-se conta, ao desembarcar em Dover, que seus únicos pertences eram seu uniforme e seu cavalo, Salamanca.

      Pelo menos tenho Revel Royal!, pensava ele.

      —Revel Royal! — exclamou ele, amargamente, enquanto caminhava pelo corredor—, não há nada de real nisto aqui, agora!

      A casa tinha sido deixada para seu pai não pelos Dale, que a tinham reivindicado, assim como ao título e às propriedades de seu avô, mas pela mãe dele, que era uma Osborne.

      Ela queria que seu filho mais velho, Hubert, se sentisse independente do pai. Por isso, transmitiu a ele a casa que herdara, mas, infelizmente, o dinheiro não pudera ser repartido.

      Tyson Dale, no entanto, sabia que seu pai, quando era jovem, tinha recebido mesada de seu avô, o que lhe permitiu, de uma forma ou de outra, constituir uma pequena fortuna, podendo, assim, fazer o que bem entendesse.

      Para fúria da família, ao invés de se casar com a moça que haviam escolhido para ele, seu pai fugira com a bonita filha do pastor local, que, na época, ainda era muito jovem e necessitava da autorização paterna para se casar.

      Como essa autorização não foi dada, Hubert Dale e Mary Dawson simplesmente desapareceram.

      A despeito de todas as buscas que foram feitas, de um lado por lorde Wellingdale, que estava furioso, e de outro pelo reverendo Dawson, porque foi obrigado a isso, eles não reapareceram, até que Mary tivesse completado vinte e um anos.

      Aí, então, eles se dirigiram a Revel Royal e passaram a viver lá, anunciando que eram marido e mulher e que tinham um filho de dois anos, chamado Tyson.

      Lorde Wellingdale não se mostrou interessado. Era um homem obstinado, que odiava qualquer tipo de opinião contrária à sua, e que desejava que seus filhos o obedecessem como soldados a um Comandante.

      Seu segundo filho, George, era mais flexível e achava que o irmão era um tolo em desprezar todos os confortos do lar, e em ignorar as vantagens de se casar com alguém que seria aceito pela Rainha e pelo Rei e por aqueles que faziam a corte de Londres. Essa era a sua perspectiva! George casou-se com uma mulher totalmente aceita pelo pai, e que era uma herdeira de pleno direito!

      Lady Edith Dale não tinha desejo algum de travar relações com a filha de um pastor, mesmo sendo sua cunhada, e George sempre tivera ciúmes de seu irmão.

      Tyson não conseguia se lembrar nem de seu tio, nem de sua tia ou de seu avô. Além disso, seu pai sempre se referira a eles com amargura.

      A mãe de Tyson, no entanto, sentia-se muito feliz em estar distante deles.

      Ela amava o homem com quem fugira com tal devoção que transformara a vida em Revel Royal em uma grande alegria, não só para seu marido, como também para seu filho.

      Olhando para o passado, para quando era uma criança, Tyson não podia se dar conta de um só momento em que se sentira solitário, ou que sentira falta de companhia de outras crianças.

      Sempre tivera muitas coisas para fazer, cavalos para montar, jogos, pesca no lago, árvores para subir, e um pai que discutia com ele todos os problemas e êxitos da pequena propriedade rural. Tudo isso fazia com que se sentisse muito feliz naquele mundo. Entrara para o Exército porque desejava ampliar seus horizontes, e tinha se tornado um soldado excepcional porque aprendera a comandar homens.

      Conversava com aqueles que serviam sob suas ordens como seu pai tratava os empregados; e eles o obedeciam e estavam prontos a lutar e a morrer por ele.

      Ao saber da notícia da morte do pai, e que seu tio se nomeara herdeiro presuntivo, Tyson achara que seria fácil, ao retornar, provar que seus pais tinham se casado. Nesse caso, ele teria o direito a ser o herdeiro de seu avô.

      No entanto, fora-lhe impossível regressar imediatamente para a Inglaterra, para resolver o que considerava ser um problema trivial, frente à luta contra Napoleão Bonaparte. Mas escrevera ao procurador de seu pai, um homem que o conhecera por toda a vida, pedindo-lhe que procurasse os dados particulares da cerimônia, e indagasse de sua mãe onde o casamento, se realizara.

      Alguns meses depois, ficara sabendo que sua carta fora recebida após a morte de sua mãe e, embora tenha sido feita uma busca em Revel Royal, não havia qualquer documento que provasse ter sido o casamento realizado ou que ele, Tyson, tivesse nascido de vínculo conjugal.

      Tyson Dale considerara toda a situação ridícula, sem perceber a seriedade daquilo, até ler nos jornais que seu tio se tornara o sexto lorde Wellingdale.

      Isso dava o direito a seu primo Manfred de se tornar o Honorável, enquanto que ele, Tyson, não poderia assumir, mesmo sendo o nome Dale legalmente seu.

      —Resolverei isso tudo quando voltar para casa— dissera, com otimismo.

      Mas agora, olhando para toda a decadência que o rodeava, deu-se conta de que tal luta lhe custaria muito dinheiro.

      Além disso, não poderia custear as despesas com um procurador.

      A biblioteca do castelo pareceu-lhe menor do que em suas lembranças, mas ainda era uma peça bonita.

      As brilhantes encadernações de couro dos livros há muito tinham desbotado e escurecido com a poeira. O pó obscurecia as cores das pinturas do teto e havia muitas vidraças cujos vidros quebrados tinham sido substituídos por trapos, de tal forma que o sol filtrava-se timidamente para dentro da sala.

      Tinham se transcorrido dez anos desde a morte de seu pai, e muita coisa deveria ter acontecido nesse intervalo.

      No andar superior, as coisas estavam mais próximas de suas lembranças.

      As amplas camas de quatro colunas não tinham sido trocadas. Estavam em Revel Royal, segundo a lenda, desde que a casa recebera esse nome de Charles II, que ali passara um fim de semana luxuriante, em companhia de belas mulheres.

      Antes de partir, o Rei dissera ao seu anfitrião, sir Thomas Osborne, que, como se divertira imensamente, a casa deveria passar a ser conhecida como Revel Royal, orgia real.

      A aparência surrada e gasta de agora era um simples arremedo da grandeza e do encanto que possuíra então.

      Tyson Dale continuou a caminhar, ouvindo estalos sob seus pés, vendo por toda a parte o reboco caído ou o papel de parede despregado, esperando, a qualquer momento, que o teto desabasse.

      Os corredores estavam quase que intransitáveis e, ao descer por uma

      escada, cujo corrimão se mostrava parcialmente destruído, indagou-se sobre que faria com a casa e consigo mesmo.

      O Exército dera-lhe autoconfiança. Era impossível comandar um certo número de homens sem assumir uma autoridade que, rapidamente, tornava-se habitual.

      Agora, pela primeira vez em muitos anos, Tyson Dale sentia-se incerto e inseguro, e essas eram sensações das quais não gostava.

      As sombras do começo da noite principiavam a descer lá fora e o velho Briggs, que fora o mordomo de seu pai, apareceu arrastando os pés no salão, que parecia estar mais desgastado e empoeirado que todos os outros cômodos da casa.

      Era ali que sua mãe sempre ficava, e Tyson podia se lembrar


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