Paixão cruel - Três semanas em atenas. Janette KennyЧитать онлайн книгу.
tarde, viu as nuvens cinzentas que se aproximavam pelo horizonte com uma velocidade inesperada e o pânico voltou a apoderar-se dela. Seria impossível chegar a terra firme antes de começar a tempestade.
O vento começou a levantar ondas cada vez mais altas e era difícil manter o rumo. Um relâmpago rasgou silenciosamente o céu, como um aviso mudo do que se aproximava. Kira segurou com força o remo, pensando que talvez aquilo fosse um erro que podia pôr em perigo a sua vida e a do seu filho, mas decidida a seguir em frente.
A chuva não demorou a chegar, em forma de uma cortina densa que a cercava várias vezes. Tinha a roupa encharcada e o cabelo colado à cara e às costas. O caiaque encheu-se de água. Cansada, continuou a remar, consciente de que parar significaria o lançamento do caiaque contra as rochas. Mas cada vez tinha menos forças.
Sem saber o que fazer nem para onde se dirigir, à mercê do vento e da chuva, Kira achou ouvir o ruído de um motor. Alguém saíra para o alto-mar com a tempestade! Seria o pai do jovem caribenho que vira na praia? Talvez alguém que pudesse ajudá-la? Arriscou-se a virar a cabeça, com a esperança de ver alguém por perto que pudesse ajudá-la. Ofegou de cansaço, mas verificou, aliviada, que alguém viera ajudá-la.
Era André! Não! Como a encontrara tão rapidamente?
Mas o importante era que estivesse ali. Confiava totalmente nele, mesmo que fosse apenas para a salvar das garras daquela tempestade.
Naquele momento, a natureza pareceu gozar com ela e uma rajada de vento virou o caiaque de costas e a força da água arrancou-lhe o remo das mãos. O vento apagou os seus gritos. E, de repente, o caiaque virou-se. As ondas envolveram-na e arrastaram-na para baixo e, então, viu-se novamente a afogar-se num lugar escuro que lhe arrancava a vida.
O seu pesadelo voltava a tornar-se realidade.
O coração de André parou, embora fosse apenas por um instante, e pensou em matá-la por fazer semelhante loucura, por se pôr em perigo.
Mas, antes de a estrangular com as suas próprias mãos, tinha de a salvar das ondas e de a levar sã e salva para Noir Creux, a ilhota desabitada que era uma reserva natural. Desligou o motor da mota aquática e mergulhou de cabeça no lugar onde a vira desaparecer sob as ondas, contando os segundos, consciente de que o tempo era de vital importância. Procurou no redemoinho e, finalmente, conseguiu tocar numas madeixas de seda. Segurou o cabelo dela e puxou-a com ele para cima, contra a força das ondas.
Saíram juntos para a superfície, sob a chuva e a fúria das ondas e, então, viu o receio e o alívio nos olhos femininos.
Muitas emoções invadiram-no, mas tentou ignorá-lo. Não queria sentir mais do que simples desejo físico por ela. Porque agora, depois da reunião em Martinica com o seu advogado, sabia que Kira era apenas uma oportunista, que passava de um benfeitor para outro, tentando tirar o máximo proveito.
Mas não com ele e muito menos agora que tinha consciência de que era apenas uma encantadora de serpentes que não hesitaria em usar a fraqueza que sentia por ela para tentar destruí-lo.
Passando-lhe um braço pela estreita cintura, nadou para terra firme e, depois do que pareceu uma eternidade, sentiu a areia vulcânica da margem sob os pés. A chuva continuava a cair com força e ele dirigiu-se para a gruta que se abria atrás das rochas. Vendo-se finalmente a salvo da força das ondas, André respirou fundo e olhou para ela.
– Estás bem? – atreveu-se a perguntar, sem conseguir compreender como se atrevera a entrar no mar com o pânico que sentia pela água, pondo a sua vida e a do seu filho em perigo.
– Sim – respondeu ela. – Estamos bem.
Ela e o seu filho. Os três estavam a salvo.
– Só queria telefonar e voltar para Petit Saint Marc.
Sem dúvida, estava desesperada por entrar em contacto com Peter e confirmar que conseguira o seu objectivo.
– Terias esperado uma eternidade – respondeu ele. – Noir Creux está desabitada. É um santuário natural sob protecção francesa e a minha também.
Kira olhou para ele com incredulidade.
– Tu vigias um espaço protegido?
– Um espaço protegido e muito mais coisas – disse ele. – Como o Château Mystique. Na verdade, esta manhã recebi uma chamada a oferecer-me as tuas acções, tal como aconteceu com as de Edouard.
– Isso é impossível – disse ela. – Quem te telefonou?
– Isso não importa.
– Sim, claro que importa, porque as minhas acções não estão à venda nem nunca estarão.
– Agora não podes voltar atrás.
– Não é necessário. Nunca autorizei nenhuma venda – disse ela, esfregando os braços. – Tenho de telefonar ao meu advogado e parar tudo isto antes de…
– Já é demasiado tarde. Paguei o preço que pediam – disse ele. – Há uma hora, o Château Mystique é meu a cem por cento.
Конец ознакомительного фрагмента.
Текст предоставлен ООО «ЛитРес».
Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию на ЛитРес.
Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.