Uma bala com o meu nome. Susana Rodríguez LezaunЧитать онлайн книгу.
goste mais do que de falar de arte e, vendo como Noah se mostrava recetivo com os dados que lhe dera, pensei que seria uma boa forma de nos aproximarmos, de ele conhecer o mundo em que gosto de me perder, sempre cheio de beleza, mesmo quando descreve a morte.
Passei o meu cartão pelo leitor, escrevi o código e empurrei a porta da oficina da restauração. Entrei com Noah colado ao meu corpo. Senti um nó no estômago e um arrepio no corpo. Aquele homem excitava-me com apenas sussurrar algumas palavras.
Acendi as luzes e desviei-me para lhe mostrar o meu santuário. A sala enorme, de mais de trinta metros de comprimento e quinze de largura, contava com um teto muito alto do qual pendiam focos extensíveis, gruas e cabos de todo o tipo. À direita, vários cavaletes acolhiam diversas obras em diferente estado de restauração. Junto das telas, candeeiros grandes de LED encarregavam-se de iluminar o trabalho do restaurador sem produzir um calor que poderia ser perigoso para os pigmentos. À esquerda da sala, havia mesas de diferentes tamanhos, alturas e inclinações, para poderem trabalhar nelas com obras muito diversas, como pergaminhos, tabuletas ou esculturas. Por cima das mesas, pendiam os purificadores imensos de ar que depuravam o ambiente da oficina, muitas vezes carregado de emanações de vernizes e tintas, para além de pó de mármore, argila ou pedra.
— Isto é impressionante — sussurrou Noah, como se a sua voz pudesse incomodar as personagens que nos observavam dos quadros. — Muito mais do que esperava.
Devagar, avancei para o interior da divisão, explicando a utilidade de cada elemento que encontrávamos, e contei-lhe pequenas histórias das obras que dormiam na oficina, à espera de regressar às salas como as grandes estrelas que eram.
Mostrei-lhe uma tela linda de madeira do século XII, uma escultura chinesa da dinastia Ming que representava Guanyin, o mestre da compaixão para os budistas. A sua pose tranquila, o olhar baixo e a marca do terceiro olho na testa emanavam tranquilidade, quietude e confiança. Estava há vários dias na oficina, onde tentávamos devolver todo o seu esplendor à policromia original, muito desgastada com o passar dos séculos.
Senti a mão de Noah na minha cintura. Não fez mais nada, mas foi suficiente para que deixasse escapar um gemido involuntário. Aproximou-se ainda mais de mim e baixou-se para me beijar no ombro.
— Sinto-me insignificante entre tanta beleza — disse.
— Tu és muito mais atraente do que esses dois — declarei, apontando para uma tela de Piero di Cosimo que também estava a ser restaurada —, e são anjos.
— Não gosto de anjos — declarou, parando à minha frente —, não têm sexo.
Agarrou-me o queixo com os dedos para me obrigar a levantar a cara e encontrei os seus lábios a dois centímetros dos meus e os seus olhos de fogo a estudar-me sem piedade. Beijou-me enquanto deslizava as mãos pelas minhas costas até chegar às nádegas, que apertou e massajou ao mesmo tempo que me empurrava para as suas ancas, onde me esperava uma ereção enorme. O meu cérebro devia ter paralisado nesse mesmo momento, porque o empurrei para a parede que tinha mais perto e deslizei as minhas mãos até ao seu rabo para imitar os seus movimentos provocadores.
Com uma rapidez espantosa, Noah virou-me e, de repente, dei por mim com as costas contra a parede e o corpo dele a deixar-me com falta de ar. Pôs a mão por baixo do meu vestido e acariciou provocantemente as minhas zonas mais sensíveis. Tremiam-me as pernas e mal conseguia respirar. A sua boca devorou-me sem compaixão enquanto as suas mãos pareciam decididas a encontrar um tesouro por baixo da minha roupa, explorando avidamente cada centímetro de pele.
Sem prévio aviso, os meus pés perderam o contacto com o chão. Agarrei-me ao pescoço de Noah e cruzei as pernas à volta das suas ancas. Conseguia sentir as mãos fortes a segurar-me pelo rabo.
— Desejo-te tanto — admitiu, num tom rouco. — Não consigo pensar em nada senão em ti. Todo o dia. Cada minuto.
Beijou-me com força e paixão, profundamente, quase sem me deixar respirar. Eu respondi imediatamente, sem hesitar, e deixei que o meu beijo lhe explicasse quanto medo tinha e que, às vezes, a insegurança me apertava a garganta até quase me asfixiar, que passara tantos anos morta, vazia e sozinha que tremia com a simples ideia de perder o que acabara de começar a saborear e que não conseguia evitar pensar que talvez fosse melhor se me afastasse do festim e continuasse a olhar do outro lado da janela antes de me ver expulsa do banquete e ser lançada novamente para o inferno. Porque agora sabia que, até então, não vivera, mas que me limitara a manter-me com vida, a sobreviver. Agora, estava viva. Noah ativara cada uma das minhas terminações nervosas e transformara-se no oxigénio de que precisava para subsistir.
Sem parar de me beijar, estendeu uma mão até alcançar a beira das minhas cuecas. Com um só movimento, arrancou-as e deixou-as cair ao chão. Gemi e colei-me mais a ele. Não pensei que alguém podia entrar na oficina e surpreender-nos. Não havia mais ninguém ali, só nós e a voz doce e louca da minha cabeça que me encorajava a continuar.
Demorou um pouco mais a abrir o fecho das calças e a baixá-las o suficiente. Durante um instante, Noah parou, afastou-se um pouco de mim e olhou-me nos olhos, procurando a minha aprovação. A modo de resposta, mexi as ancas, arqueei as costas e apertei as pernas para me aproximar ainda mais do seu corpo.
Com um só movimento, Noah penetrou-me e afundou-se ao mesmo tempo na minha boca, marcando o ritmo com as ancas e puxando-me para ele, fazendo-me subir e descer cada vez mais depressa.
A minha mente esvaziou-se de medos e de dúvidas. Só havia espaço para as sensações.
O clímax alcançou-me quase sem prévio aviso, formigou entre as minhas pernas, explodiu no centro do meu organismo e espalhou-se através das extremidades até chegar ao meu cérebro. Quando parei de tremer, abracei Noah com força e recebi o seu orgasmo como próprio, feliz e satisfeita.
Acariciou-me o rabo com suavidade e depositou um carreiro de beijos desde o meu ombro até à boca. Desta vez, beijou-me com ternura e carinho. Talvez estivéssemos a partilhar amor, talvez a paixão e a necessidade fossem dois dos vimes com que o amor tecia as suas pontes intrincadas. No entanto, aquele não era o momento de semelhantes pensamentos tão profundos.
Noah levantou-me com delicadeza, saiu do meu interior e deixou-me no chão com cuidado. Senti como os fluidos de ambos deslizavam entre as minhas pernas e procurei um lenço na mala para me limpar. Ajudou-me com um sorriso atrevido na cara, depois de abotoar as calças.
Dez minutos mais tarde, saíamos dali, com os farrapos das minhas cuecas no fundo da minha mala. Fechei a porta, voltei a escrever o código de segurança para ativar o alarme e dirigimo-nos para a saída.
O semblante corado e estupefacto do vigilante fez-me sentir consciência de um pequeno detalhe que evitara por completo: Na oficina, tal como no resto das salas, havia câmaras. A central de controlo, de onde o guarda não parava de nos observar, vermelho até à raiz do cabelo, contava com vários monitores que reproduziam em tempo real o que acontecia no interior das divisões.
Parei, demasiado chocada com o que acabara de descobrir. Noah, que ia atrás de mim, quase chocou contra as minhas costas.
— O que se passa? — perguntou.
— As câmaras — respondi, num sussurro.
— Que câmaras?
— Há câmaras na oficina. Viu-nos. Filmaram tudo. Oh, meu Deus, o diretor vai ver amanhã.
— Ena…
Noah pareceu meditar durante uns instantes. Depois, olhou brevemente para mim e pediu-me para esperar por ele ali enquanto tentava resolver as coisas. Resolver as coisas? O desastre que se abatia sobre a minha cabeça não tinha solução possível.
Aproximou-se da zona da receção e pôs os cotovelos no balcão. O guarda olhou para ele sem pestanejar. Falaram durante um bom bocado, enquanto a pele do vigilante recuperava, a pouco e pouco, o seu tom normal. Apanhei-o algumas vezes a lançar-me olhares furtivos, portanto, virei-me e escondi-me atrás de uma coluna, fingindo que observava os quadros que enfeitavam o vestíbulo.
Noah