Castrado. Paulo NunesЧитать онлайн книгу.
enricou os tabloides norte-americanos por muitos meses, Gaius. Acabou sendo a principal notícia semanal para eles — argumentou Aidan, tentando me convencer a sair do restaurante.
— Aidan, vou continuar aqui. Não vou sair. É um livro. Já foi escrito. Não há o que fazer. Hoje, considerando tudo que aconteceu, até acho que não deveria tê-lo escrito, mas não tenho mais o que fazer.
— Só acho que é importante saber que você ganhou muita notoriedade na cidade. As pessoas falam de você, Gaius — e torceu os lábios, como se dissesse que minha reputação não era a das melhores.
— Coisas boas ou ruins? — perguntei, curioso e um pouco ansioso também.
— As pessoas falam muitas coisas — respondeu, tentando desviar o assunto, extremamente desconcertado.
Entre Aidan e eu, por causa da atenção que atraí para a mesa, surgiu um clima pesado, onde qualquer outro assunto não poderia ser conversado com naturalidade. Aidan estava muito preocupado e, ao mesmo tempo, atento. Sua vigilância fazia com que a atenção para o que tentava conversar com ele fosse diminuída. Enquanto eu procurava agir com naturalidade e ignorar aquela situação, que só crescia no The Palm, contando sobre o curso de fotografia que fazia há alguns anos, vi Aidan fechar a cara e levantar-se bruscamente, ao perceber que uma moça caminhava em direção à nossa mesa com um celular na mão. Ele se aproximou de mim, ficando ao meu lado, e assumiu quase a postura de um segurança particular. Eu permaneci sentado, repousei os talheres no prato, limpei meus lábios com o guardanapo e dei um gole no vinho. Instantes depois, a moça, sorridente, pediu licença, desejou-nos boa-noite e perguntou se poderia tirar uma foto comigo. Meu espírito relaxou ao ouvir seu pedido. Graças a Deus! Pensei. Sorrindo para ela, respondi que sim. Tiramos uma foto e ela comentou que havia adorado o livro. Agradeci-a pelo comentário, e ela nos deixou, ainda sorrindo, feliz por ter uma foto minha. Olhei para Aidan e comentei:
— Ela só queria uma foto. Está tudo bem. Relaxe — e fiz sinal para ele se sentar novamente.
Ele ficou mais calmo, mas se manteve atento durante as duas horas a mais que permanecemos lá. Depois de saborear um delicioso Cronut, que é o resultado da massa folheada do Croissant com a cobertura crocante mais o glacê do Donut, comentei que queria retornar ao hotel, sugerindo que ele me levasse até lá. Aidan, prontamente, chamou o garçom, pagou a conta em dinheiro, deixando o troco como gorjeta generosa para ele e escoltou-me, enquanto eu caminhava para a saída do The Palm, apreciando a decoração do ambiente com aqueles diversos rostos de pessoas estampados em suas paredes. Ele parecia aliviado de estar saindo dali. Tive a certeza disso ao ouvir de sua própria boca já do lado de fora do restaurante:
— Que bom que não aconteceu nada. Importa-se se eu fumar um cigarro antes de pegarmos um táxi? — perguntou, respirando relaxadamente, tentando sorrir.
— Tenho cigarro aqui. Por que estava preocupado? — questionei.
— Não sei. Tive medo de alguém ser grosseiro com você — e acendeu o cigarro que lhe dei, tragando demoradamente.
Ele é tão masculino ao fumar. Pensei. Enquanto eu acendia meu cigarro, percebi seis ou sete pessoas correrem ao nosso encontro com seus celulares apontados para nós. Eram repórteres de tabloides que, grosseiramente, falavam ao mesmo tempo, fazendo-me perguntas. Não conseguia entender o que diziam e fiquei assustado com toda aquela algazarra. Aidan se aproximou para evitar que eles encostassem em mim, gritando para saírem dali. Foi inútil. Eles falavam sobre o livro, Marcus e Arthur, o sequestro, Pablo e as prisões. Em um momento, percebendo que não conseguiríamos fazê-los parar, puxei a mão de Aidan, a fim de retornarmos para dentro do restaurante. A confusão de pessoas e o nervosismo me fizeram tropeçar. Desequilibrei-me e caí sobre meu braço direito. Rapidamente, Aidan levantou-me e ajudou-me a entrar no restaurante. Os seguranças do The Palm foram ao nosso encontro e fecharam a porta, impedindo que os repórteres nos incomodassem novamente. As pessoas que estavam nas mesas viram o que aconteceu e começaram a se agitar, olhando para nós e cochichando entre si. O gerente foi até onde estávamos e ajudou-nos:
— Senhor Barrys, vamos sair daqui. Vou pedir para alguém levá-los para casa. Sairão pelos fundos do restaurante. Será mais seguro.
No hotel, enquanto abria a porta da minha suíte, agradeci Aidan pela companhia e desejei-lhe boa-noite. Enquanto fechava a porta, ele a pressionou com a mão e pediu:
— Espere.
Em um movimento rápido, escondeu as mãos nos bolsos da calça e fitou-me com aqueles olhos agitados. Era impossível não perceber o movimento que fazia com o pé direito, batendo o sapato apressadamente no chão, com certeza, com a ponta dos dedos. Apoiava-se em uma perna, depois na outra, mexendo seu quadril e tórax para a esquerda e direita, em um movimento quase imperceptível a quem não observasse. Sua boca ensaiava dizer algo, mas o silêncio permanecia entre nós. Vendo-o angustiado e desorientado, compadeci-me dele e comentei, enquanto encostava meu rosto na lateral da porta:
— Você esteve ótimo hoje à noite. Diverti-me muito — e pisquei os olhos, fazendo charme para ele.
Funcionou. Em uma fração de segundos, vi seu semblante relaxar, e ele aquietar seu corpo. Seus olhos intercalavam entre minha pupila e lábios. Era evidente que ele queria me beijar. Depois de engolir em seco, falou:
— Não vai me convidar para entrar? — e inspirou fundo, como se tivesse precisado de muita coragem para ter perguntado.
— Aidan, acho melhor irmos devagar. Sabe de tudo que passei. Não quero apressar as coisas. Por que não saímos na próxima semana e almoçamos?
— Na próxima semana? — perguntou ele, franzindo a testa, quase elevando o tom de voz, considerando a distância entre um encontro e outro como uma eternidade.
— Se estiver ocupado, podemos nos ver em duas semanas — respondi, fazendo-me de desentendido.
— Quero almoçar com você amanhã, Gaius! — comentou, em tom de súplica.
Sabia que diria isso. Ele está mais ansioso que nunca. Isso é ótimo. Pensei. Arqueei as sobrancelhas e abri a boca, dando a entender que estava surpreso com o que ouvi.
— Aidan, tenho algumas coisas já marcadas. Estou organizando minha vida... Não tenho nem local certo para morar.
— Posso ajudá-lo com tudo isso. Contrato pessoas para fazer o que precisar. Por favor, deixe-me ajudá-lo — e moveu levemente a cabeça para a esquerda, depois de franzir a testa, como um cão que abana seu rabo ao pedir comida a seu dono.
Sorri para ele, dei alguns passos em sua direção e levei minha mão esquerda em seu rosto, acarinhando-o suavemente. Nisso, beijei o outro lado de sua face demoradamente, bem próximo à boca, e deslizei minha mão direita em sua cintura ao mesmo tempo. Aidan pressionou sua mão direita sobre a minha esquerda, enquanto se deliciava com aquele beijo casto e solene. Afastando-me dele, comentei baixinho:
— Prometo que vou marcar um encontro nos próximos dias — e fui dando as costas para ele, que segurava minha mão na tentativa de prolongar aquele momento.
— Por favor, almoce comigo amanhã — e apertou a ponta dos meus dedos, enquanto eu caminhava para dentro da suíte.
— Boa noite, Aidan! — respondi, soltando a mão dele.
— Por favor, deixe-me entrar — e respirou fundo.
— Boa noite, Aidan! — respondi novamente, fechando a porta devagar, mirando bem em seus olhos brilhantes, que não escondiam o seu tesão.
Preciso de um banho. Pensei, tentando acalmar meu corpo, que, naquele momento, tinha resistido a um dos homens mais belos que meus olhos já viram. Livrei-me das roupas leves que escolhi para jantar com Aidan e, em segundos, estava nu, caminhando para o banheiro. Abri o chuveiro e deixei que a água esfriasse meu corpo cheio de desejo. Não resisti e masturbei-me, esporrando abundantemente. Durante a madrugada, acordei várias vezes com a boca seca e uma inquietação que insistia em não passar. Meu sono era leve,