Chamas Escuras (Laços De Sangue Livro 6). Amy BlankenshipЧитать онлайн книгу.
a sair da garagem e perguntou-se se o condutor tinha visto o espetáculo do céu há alguns minutos. Sorriu quando viu que era o Hunter no lugar do motorista e levantou a mão quando Hunter acenou.
Entrando na garagem, o sorriso do Storm alargou-se. O Ren andava à volta do carro do Trevor a olhar para ele com um olho crítico. Também tomou nota da placa de circuito de alta tecnologia que o Ren tinha na mão.
Ren olhou para o Storm a aproximar-se e notou o sorriso, antes de voltar a atenção para o carro.
"Porque é que estás a sorrir?" perguntou o Ren.
"Às vezes é bom não ser capaz de ver o futuro", disse o Storm com sinceridade.
"E o que é que isso quer dizer?" o Ren interrogou.
"Significa que, pelo menos por enquanto... Estou a andar na minha própria linha do tempo", declarou o Storm.
O Ren acenou, decidindo que nem ia tentar processar o teaser cerebral e continuou a passar a mão pela borda do carro como se o sentisse.
"O que planeias fazer com isso?" O Storm acenou com a cabeça em direção ao computador.
"Vou atualizar o carro do Trevor", respondeu o Ren.
O Storm encostou-se contra um dos outros carros, “Estou confuso, porque é que estás a atualizar o carro do Trevor?"
"Porque estou entediado", encolheu os ombros, mas o olhar dele dizia que estava a gostar daquilo. "E porque preciso dum escape para este poder antes de me afogar nele."
"Não quero perder isto!", riu-se o Storm.
O Ren sorriu, enquanto colocava a placa de circuito no para-brisas e deu um passo atrás, ficando de frente para o carro. Levantou as palmas das mãos em direção ao carro e respirou fundo. De repente, os faróis piscaram e fios despidos serpentearam por debaixo do capô arruinado, prendendo-se à placa de circuito e puxando-a para dentro.
O chassis começou a ranger e a gemer, remodelando-se a si próprio e uma cor nova começou a aparecer em pequenas manchas. Amolgadelas endireitaram-se, enquanto o chassis se alinhava. Os pneus repararam-se e encheram-se de ar enquanto as jantes começaram a mover-se. O capô abriu-se e o Storm viu o motor a reconstruir-se... o óleo velho desaparecendo lentamente e a cor cromada original retornando ao seu lugar.
As manchas de cor iam crescendo e logo um lindo preto lustroso cobria o chassis todo. As janelas escureceram, tornando quase impossível ver o interior e o Storm assobiava suavemente enquanto andava à volta do carro. Tinha a mesma aparência de um Mustang clássico. O Storm não pode deixar de sorrir quando viu o nome do Ren numa pequena insígnia cromada na traseira, em vez de um conhecido fabricante de automóveis.
"Pelo menos não és egoísta", riu-se o Storm.
O Ren finalmente baixou as mãos e sorriu orgulhosamente para o carro novo e melhorado. “Apresento-te… a Evey.”
O Storm olhou para o Ren e arqueou uma sobrancelha. "Evey?"
O Ren encolheu os ombros: "O Stephen King tem a Christine, acho que posso ter a Evey. Além disso, é a coisa mais próxima de “Envy” que consegui, sem que seja o nome dela."
O Storm não conseguia parar de se rir: "És tão mau."
"Gosto de pensar que sim", disse uma voz feminina sexy.
O Storm olhou para o carro. "Ela fala?"
"Claro que falo" a Evey disse e a porta do carro abriu-se lentamente. "Quer conduzir-me?"
O Storm sacudiu a cabeça, confiando apenas no seu próprio modo de transporte, "Desculpa, por mais bonita que sejas... Receio não poder fazer isso."
A Evey suspirou: "Muito bem, mas um dia há-de viajar no meu banco de trás."
O Storm olhou para o Ren: "Ela é muito... coquete.”
O Ren enfiou as mãos nos bolsos, "Carros falantes são sempre sexy."
“Obrigada, Ren", ronronou a Evey.
"O que a torna perfeita", continuou o Ren, "é que a voz da Evey é uma réplica exata da Envy."
O Storm apertou os lábios, tentando parar o riso e acenou vigorosamente. O Ren não mostrava muitas vezes este lado da sua personalidade, mas quando o fazia, fazia com que valesse a pena a espera.
"Evey", chamou o Ren.
"Sim Ren", respondeu a Evey.
"Tu pertences ao Trevor, ele é o teu dono."
A Evey cantarolou: "O Trevor cuidou sempre bem de mim... agora vou eu cuidar dele.”
O Storm abriu a boca para dizer algo... qualquer coisa, mas as lagrimas escorriam-lhe dos olhos e as bochechas doíam-lhe como o diabo. Ele andou rapidamente para a porta mais próxima, que por acaso era a entrada do armário de casacos, antes de se começar a rir novamente.
"Está tudo bem, Storm?", ouviu a Evey a perguntar através da porta fechada.
"Estou bem", conseguiu dizer o Storm. "Saio daqui a pouco."
Os lábios do Ren contraíram-se, enquanto ele e a Evey esperavam que o chefe recuperasse a sanidade.
Capítulo 4
O Guy seguiu a Tiara pelos degraus esculpidos no penhasco numa combinação de mãos humanas e forças naturais. Seguiu silenciosamente o seu alvo até à praia privada.
A silhueta da Tiara ficou visível na areia e ele fez uma pausa no último degrau, por tempo suficiente para olhar para baixo, para a sua silhueta ágil. Quando os pés dele finalmente tocaram na areia, o Guy parou a admirar a imagem que ela criava. Com o seu longo cabelo branco e um bronzeado dourado... parecia uma bela ninfa aquática que tinha chegado à terra para tentar os homens.
A Tiara estava à beira da água, deixando as ondas molharem-lhe as sandálias. Mesmo que a escuridão fria a chamasse, ela adorava a sensação do sol quente na sua pele. Olhando para o oceano, ela podia sentir as vidas que a água tinha levado ao longo dos milénios e nunca tinha restituído.
A maioria dos humanos que morriam passava para a outra dimensão..., mas havia sempre aqueles que recusaram a chamada. Ela inclinou a cabeça para o lado a pensar se aqueles fantasmas nadavam com os peixes e estavam felizes.
Um sorriso suave apareceu-lhe no rosto ao recordar as muitas histórias que tinha ouvido, ao longo dos anos, de homens perdidos no mar e que viam alguém na água com eles. Essa pessoa ficava com eles até o resgate chegar. Em cada caso, essa segunda pessoa nunca era encontrada e a Tiara sabia que outra pessoa era o fantasma de um morto há muito tempo que se recusava a deixar o seu oceano.
Os fantasmas eram normalmente criaturas suavemente sussurrantes que não possuíam poderes externos. Ela deveria saber disso... tinha até brincado com eles quando era criança. O verdadeiro poder deles residia dentro dos seus espíritos... esse poder interior era o que atraia os demónios para eles. Uma vez sob o controlo de demónios, os fantasmas tornavam-se em pouco mais do que marionetas, acatando as ordens do mestre... vítimas inocentes nos jogos que os demónios jogavam.
Os passos do Guy eram silenciosos, enquanto estreitava a distância entre ele e a Tiara; até que a água salgada lhe rodeou as solas das suas botas. A brisa ainda era quente, apesar do Halloween estar a algumas semanas de distância... a noite em que os humanos se vestiam de monstros. Nem queria pensar no que aquela noite traria.
"Tiara", a sua voz era fria, sabendo que ela tinha mentido ao Storm sobre o número de pessoas que ela precisava na equipa, só para o manter à distância. "Temos de falar."
A Tiara estava tão perdida em pensamentos que, ouvir o nome dela tão perto, a fez vacilar. Ela suspirou interiormente, sabendo que estava prestes a magoar o Guy e virou-se para o olhar. Engoliu em seco, quando viu a dor a cintilar-lhe nos olhos.
"Guy, peço-te perdão." Acreditava em cada palavra que disse.
O Guy cerrou os punhos. Ela estava a dizer-lhe