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Uma Luz No Coração Da Escuridão. Amy BlankenshipЧитать онлайн книгу.

Uma Luz No Coração Da Escuridão - Amy Blankenship


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doloroso ver alguém tão gentil e puro, carregando tanta luz dentro de si, estar ali agora, deitada na escuridão, com os olhos abertos, mas vazios. Isso é que doía ver.

      Percebendo o choque de Kamui e vendo suas mãos tremendo, Kotaro interveio e ergueu Kyoko amorosamente em seus braços, tentando ignorar a rigidez no corpo dela. Ele não conseguia sentir nada exceto raiva e tristeza naquele momento. Se ele se permitisse sentir o resto das emoções, o quanto ele a amava, seus joelhos se curvariam. A dor pesava muito sobre ele.

      Ver o olhar no rosto de Kamui foi suficiente para ajudá-lo a controlar suas próprias emoções e a dormência que havia se estabelecido também ajudou. Kamui não era humano nem era criatura, o que quer que ele fosse, seu coração estava em destroços. Kotaro decidiu que seria sua missão cuidar dele de agora em diante, mesmo que o garoto provavelmente não precisasse disso.

      Kamui limpou a trilha de lágrimas de seus olhos, tentando ser forte como Kotaro e Shinbe. Seu cabelo roxo indomado sacudiu ao vento enquanto ele olhava para a terra recém-revirada. Ele tirou seu próprio manto e gentilmente envolveu-os para aumentar o poder do feitiço que ele estava prestes a lançar.

      Ao fechar os olhos brilhantes, ele cruzou os dedos enquanto as asas iluminadas brotavam de suas costas em um turbilhão de penas. Elas brilhavam com cores tão intensas que o olho humano desconhecia.

      Shinbe e Kotaro, assustados, deram um passo para trás, de repente entendendo o que Kamui era. A palavra anjo pairava em seus lábios, mas ele parecia tão triste. Como um anjo com um coração partido... um anjo caído.

      Com dedos gentis, Kamui tirou uma pena de sua asa direita e segurou sua mão com a palma para cima. A expressão triste e serena em seu rosto não vacilou. Seus olhos brilharam com um vislumbre de esperança enquanto ele rapidamente deslizou a pena afiada em sua palma causando um corte raso.

      O líquido carmesim se acumulou em sua palma e Kamui fechou lentamente o punho antes de se dirigir ao túmulo não marcado. As gotas sagradas do sangue de sua vida caíram sobre a terra, fazendo o solo brilhar com um poder azul elétrico sobrenatural.

      Chocados, Shinbe e Kotaro só podiam ficar de pé e assistir enquanto tudo acontecia. Eles não se atreveram a se mover por medo de perturbar o rito que Kamui estava realizando. Ambos compreenderam que estavam testemunhando algo incrível e, sem dúvida, nunca mais veriam algo assim novamente.

      O ar em torno de Kamui girou em um vórtice que o rodeava em uma luz azul fluorescente. Sua voz ecoante deixou seus lábios parecendo mais velhos e sábios do que um dia já foram. A voz ricocheteou pelos céus, um som assustador que viajava por quilômetros, fazendo com que tudo que a ouvia ficasse imóvel em reverência ao seu poder:

      Mil anos serão necessários.

      Desta vez, obedeceremos para o seu próprio bem.

      Quando o sangue de um guardião derrama

      Ã‰ hora desta profecia se cumprir.

      Só então duas almas irão reviver.

      Trazendo-as para a luz,

      Fadadas a combater a magia negra da noite.

      Com essa promessa, nós imortais tomaremos as armas,

      Protegendo contra o mal aqueles que renasceram.

      Nas mãos da pedra e do mármore, ao nosso inimigo daremos

      O único desejo que ele anseia... dentro da luz para viver.

      Ã€ medida que o vórtice circundava Kamui, uma pluma incandescente de cada asa iluminada se soltou e voou para a frente dentro do ciclone, girando como duas pequenas adagas e pousando diretamente no túmulo. As penas brilhantes ficaram presas no solo suave por alguns breves momentos antes de se afundarem na terra para fundirem-se com as almas de seus amigos.

      Os joelhos de Kamui se chocaram com o chão quando o feitiço se dispersou, enviando uma onda de choque em todas as direções.

      â€” Até que nos encontremos novamente, Kyoko... Toya — murmurou Kamui ao sentir a solidão lhe cercar. — Talvez a próxima vida seja em um tempo melhor e muito mais iluminado.

      Shinbe permaneceu em silêncio ao lado dele, sem querer nada além de derramar suas lágrimas, mas ele não podia se dar a este luxo. Hyakuhei ainda estava por lá e ele sabia que o vampiro de coração negro acabaria por vir atrás dele. O inimigo saberia o que tinham feito. Por enquanto, ele apagaria todos os traços que podia.

      Alcançando seu bolso, Shinbe tirou uma pequena garrafa ametista cheia de um pó mágico intemporal. Pulverizando levemente o solo, ele circundou o túmulo para protegê-lo de todos os olhos curiosos. O solo imediatamente se tornou sólido para esconder a localização da nova sepultura.

      Os olhos de Shinbe iluminaram-se com a mesma cor ametista, enquanto sussurrava palavras que apenas ele podia entender.

      Ele sentiu um velho vínculo entre irmãos que haviam lutado uma batalha eterna contra a escuridão atravessar sua alma para se tornar um símbolo de proteção sobre a sepultura. Acima do lugar de descanso de seus amigos flores surgiram sem que fossem plantadas sementes. Flores de cinco cores apareceram em vinhas espinhosas: prata, ouro, azul gelo, ametista e pó cintilante do arco-íris.

      â€” Estou me despedindo — disse Shinbe depois de um longo silêncio. Ele não queria que sua presença indicasse a localização dos outros e sabia que era hora de seguir em frente. Seu olhar voltou para o arbusto de flores estranhamente colorido. Toya e Kyoko agora estavam protegidos de Hyakuhei e o feitiço não seria perturbado.

      Por enquanto, era tudo o que ele poderia oferecer além da tristeza.

      Kamui olhou para o mago, chocado com este novo desenrolar.

      â€” O quê? Mas... por quê? — Seus olhos se arregalaram em um momento de pânico... todos iriam deixá-lo agora? Já não era ruim o bastante perder Toya e Kyoko?

      Sentindo o medo de Kamui emergir, Shinbe colocou uma mão firme no ombro de seu amigo e tentou explicar:

      â€” Você sabe tão bem quanto eu que Hyakuhei acabará sabendo o que fizemos aqui. — Olhou para Kotaro sobre o ombro de Kamui, sabendo que o licantropo entenderia seu abandono.

      â€” Você será capaz de escapar dos olhos sempre vigilantes de Hyakuhei, mas eu não tenho esse tipo de poder. No entanto, eu poderei me esconder, mas não tenho certeza por quanto tempo. — Shinbe soltou um longo suspiro e olhou para a lua indo baixa no céu. — Meus dias são contados agora... — Um sorriso suave inclinou os cantos de seus lábios como se ele soubesse um segredo. — Então, que seja! Vou embarcar no próximo navio indo para o oeste, sobre o oceano. Lá, terei uma chance melhor de manter minha identidade a salvo de Hyakuhei e talvez até encontre um caminho para a minha própria alma reencarnar ao mesmo tempo que nossos queridos amigos. — Ele esperava que o que ele dizia fosse a verdade. Eles precisariam dele quando chegasse o momento.

      Kamui olhou para o túmulo embaixo dele e depois para o amigo com mais calma do que havia sentido desde que esta noite de pesadelo havia começado. Ele não queria que Shinbe fosse a próxima vítima, então, sim, ele entendeu. Gentilmente arrancou uma pena cor de arco-íris de sua asa direita e pressionou-a no pescoço de Shinbe.

      Shinbe ofegou quando a pena começou a brilhar intensamente antes de ser absorvida em sua pele. Olhou para baixo e viu o contorno mais suave da pena logo abaixo da gola de seu manto.

      â€” Isso irá ajudá-lo quando chegar a hora — disse Kamui com um sorriso e deu um abraço apertado em Shinbe. Ele não perderia Shinbe durante muito tempo, custasse o que custasse.

      â€”


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