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Uma Luz No Coração Da Escuridão. Amy BlankenshipЧитать онлайн книгу.

Uma Luz No Coração Da Escuridão - Amy Blankenship


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Então, que seja assim — sussurrou ele novamente, desaparecendo na escuridão.

      â€” Você está pronto, garoto? — perguntou Kotaro baixinho enquanto mantinha as costas para o túmulo. Ele sabia que não poderia ficar. Shinbe estava certo, quanto mais longe ficassem, mais protegido ficaria o feitiço.

      Kamui queria se zangar pelo apelido que Kotaro acabara de lhe dar, mas não tinha energia. Seu coração estava sepultado na terra a seus pés e, mesmo se demorasse até o fim dos tempos, ele veria Hyakuhei pagar por seus crimes.

      â€” Sim — disse Kamui, passando o braço nos olhos. — Estou pronto.

      Kotaro colocou um braço em volta dos ombros e o conduziu. O licantropo descobriu que não poderia derramar mais lágrimas pela mulher que ele amara com todo o seu ser. Sua alma sentiu como se alguém a tivesse arrancado de seu corpo, rasgando-a em pedaços e só devolvido metade dela.

      Se o feitiço que Kamui e Shinbe fizeram funcionasse, ele veria sua amada Kyoko novamente. Ele não podia deixar de sorrir diante das palhaçadas que ele e a reencarnação de Toya iriam inventar para ganhar o afeto de Kyoko. Ele teria prazer em lutar por ela mais uma vez se Toya pudesse voltar. Afinal, ele amava os dois.

      Ele lutou contra o desejo de olhar para o túmulo de novo.

      â€” Mil anos é muito tempo para esperar, mas eu estarei lá por você, Kyoko.

      *****

      Mais de mil anos no futuro.

      Dias atuais.

      Uma figura solitária estava em um telhado do prédio mais alto, avistando a cidade populosa abaixo. Seus traços nunca traindo a dolorosa lembrança de seu único irmão, deitado sozinho e sem vida na terra fria e dura, séculos atrás. Seu coração, uma vez quente e pulsando, preso pelas garras do monstro sádico que criara ambos os irmãos.

      Ele tinha feito tudo o que estava ao seu alcance para se separar do mal que o rodeava silenciosamente. Assim como os humanos deste mundo, ele só se alimentava dos animais que a natureza fornecia. Mesmo que a escuridão fosse tudo o que lhe era permitido, como é a maldição de um vampiro, ele nunca se tornaria o demônio que seu tio tinha pretendido.

      Nos últimos anos, algo dentro dele se agitou. Uma saudade que ele não conseguia entender e que não sentia em mais de mil anos.

      Memórias nunca esquecidas, relembradas na mente de Kyou, de um jovem inocente, que havia enchido sua vida de felicidade, mesmo dentro de um mundo de trevas. Toya... ele era tão cheio de vida, com olhos dourados risonhos e a ignorância de uma criança. Mais uma vez essas lembranças trouxeram dores de culpa ao seu coração por não ter conseguido proteger seu irmão mais novo.

      Olhos dourados que se tornaram endurecidos devido a centenas de anos de solidão, sangraram vermelho com a lembrança de uma promessa que ele ainda não havia cumprido. Kyou ficava cada vez mais forte a cada década que passava. Muitas vezes ele chegou bem perto, mas o objeto de seu ódio e ira o eludia toda vez.

      Ele não descansaria até que a vil criatura que procurava se contorcesse em agonia aos seus pés e sua alma fosse lançada ao inferno onde pertencia.

      O olhar de Kyou foi atraído para o único lugar sereno em toda a cidade, o parque tranquilo no centro.

      â€” Tais lugares não devem estar perto de tanto mal — murmurou ele na noite.

      Saltando do prédio, Kyou continuou sua busca como fazia por tantos séculos. Hyakuhei pagaria com a própria vida por roubar o único ser com quem Kyou se importava e sempre se importaria. Seu irmão estava perdido para sempre e nunca mais retornaria.

      â€” Toya... — sussurrou Kyou enquanto desapareceu na noite, deixando para trás a imagem de um anjo vingador.

      *****

      O parque era sempre pacífico nesta hora do dia. Ainda era tarde e o sol estava alto no céu. Kotaro passeava vagarosamente pelas árvores perto do centro onde havia um enorme bloco de mármore. Ele não tinha ideia de onde o bloco havia vindo, estava lá desde que ele se lembrava e era ainda mais velho que a própria cidade. Tudo o que ele sabia com certeza era que ele sentia uma sensação de paz cada vez que estava perto dele.

      â€” Quem pensaria que uma pedra quadrada traria pensamentos tranquilos? — murmurou Kotaro para si mesmo.

      Tomando outro caminho entre as árvores, ele dirigiu-se até a pedra para que pudesse olhar para ela. Mesmo que ele estivesse completamente feliz naquele dia, só o fato de se certificar que ela ainda estava lá o fazia se sentir melhor.

      Kotaro parou quando entrou no centro onde a pedra estava e franziu a testa para o indivíduo que estava sentando no estilo indiozinho no topo dela, com os cotovelos nos joelhos e o queixo preso em suas mãos. Os cabelos curtos e roxos balançavam com a suave brisa, fazendo o jovem parecer muito infantil.

      â€” O que diabos está fazendo aqui? — exigiu Kotaro.

      Kamui sorriu sem olhar para ele. Em vez disso, ele assentiu na direção da faculdade à distância.

      â€” Esperando que a aula comece.

      Kotaro balançou a cabeça e seguiu em frente antes de parar de novo e virar o rosto para encarar Kamui.

      â€” Do que você está falando? Você nem frequenta aquela escola.

      Kamui deu uma piscada de olhos antes de desaparecer lentamente em um turbilhão de pó de arco-íris cintilante.

      â€” Eu sei.

      Kotaro olhou para o pó girando antes dele desaparecer completamente.

      â€” Às vezes, esse garoto é um enigma — informou ao espaço agora vazio, depois seus olhos se moveram mais para baixo, como se acariciando a pedra. Ele ouviu o som de pés correndo no pavimento, mas na verdade não notou até que alguém o tocou no ombro. Ele literalmente pulou e girou para ver Hoto e Toki curvados com as mãos apoiadas nos joelhos tentando recuperar o fôlego.

      â€” O que tirou o fôlego de vocês dois? — perguntou Kotaro com um sorriso malicioso enquanto recuperava a compostura.

      Hoto acenou com um pedaço de papel na frente dele.

      â€” Para você... da polícia... importante.

      Kotaro pegou o papel.

      â€” Da polícia, hein? Deve ser realmente importante para fazer vocês correrem uma maratona.

      Toki assentiu antes de cair ao seu lado para descansar. Hoto simplesmente afundou em seus joelhos e apoiou a cabeça na grama.

      â€” Vocês são os maiores chorões que já vi - reclamou Kotaro com benevolência.

      â€” Este lado dói — gemeu Toki. — Preciso voltar... para... ar condicionado... escritório.

      Kotaro suspirou resignado e deixou-os assarem sob o sol quente antes de abrir o bilhete. Sua mão fechou, enrugando o papel que acabara de receber da delegacia de polícia, não muito longe do campus. Outra menina desapareceu sem deixar vestígios. Ele havia passado muito tempo investigando os desaparecimentos de muitas meninas, que por fim o levaram à faculdade onde agora era chefe de segurança.

      Seus pensamentos imediatamente se voltaram para sua amada Kyoko. Ele a encontrou novamente e, assim como esperava, Toya não estava longe. Uma coisa que o surpreendeu foi o fato de Toya ter renascido normal, humano, ou assim parecia.

      Ã€s vezes, ele podia sentir o verdadeiro Toya sob a superfície, desconhecendo sua própria existência, mas, até agora, essa


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