Marido e mulher. Lindsay ArmstrongЧитать онлайн книгу.
acerca da sua integridade.
– E ele o que fez?
Lee olhou para Damien novamente. «Tenta não parecer envergonhada», pensou ele, «mas também projecta uma imagem de dignidade juvenil».
– Um membro da sua equipa ameaçou-me com uma ordem de restrição.
Damien não conseguiu evitar um sorriso.
– Não me surpreende! Pensava que tinha dito que você cumpria a lei, senhora Westwood. Não sabe que não pode andar por aí com uma tabuleta a pôr em causa a integridade das pessoas?
– Sei que é um burlão – disse Lee. – E um ladrão! Como se sentiria se os seus avós estivessem na mesma situação? – perguntou furiosa.
– De acordo – disse Damien, escrevendo algumas notas no caderno que tinha à sua frente. – Quem é o homem em questão?
– Cyril Delaney.
Damien soltou a caneta e engasgou-se surpreendido.
– Está a brincar?
– Não.
– Senhora Westwood, Cyril Delaney é um homem de negócios muito respeitado e com um historial impecável. É pouco provável que se dedique a enganar indefensos pensionistas.
– Tenho um documento assinado por um C. Delaney. Os meus avós garantiram que o homem se chamava Cyril Delaney e asseguraram que foi o historial impecável – disse Lee ironicamente, – o que os enganou. O que tem a dizer em relação a isto, senhor Moore?
– Que provavelmente foi alguém disfarçado de Cyril Delaney – respondeu ele.
– Então, tem um sósia – replicou Lee.
Damien franziu a sobrancelha.
– Está a falar a sério, senhora Westwood?
– Realmente pensa que teria ficado tão incomodada se assim não fosse, senhor Moore? Só para marcar um encontro consigo gastei uma fortuna em chamadas telefónicas.
Damien observou-a em silêncio durante um bocado e, depois, encolheu os ombros.
– Nunca chegou a conhecer Cyril?
– Não.
– Mandou-lhe alguma nota escrita?
– Sim, mas não recebi resposta. Apesar de que, se for culpado, não responderia, certo?
Damien Moore brincou pensativamente com a caneta sobre a mesa.
– Talvez a tenham interpretado como uma acusação falsa – disse ele. Pareceu tomar uma decisão. – De acordo, mostre-me o documento.
Lee tirou-o da mala e entregou-o.
– O que está a pensar? – perguntou ansiosa quando acabou ele de o ler.
– Que noventa por cento da população nunca lê a letra pequena. No entanto, acredito que haja indícios de fraude, por isso vou escrever a Cyril Delaney informando-o da existência deste documento, tal como da presumível fraude.
– E depois?
– É tudo o que posso fazer de momento – disse Damien.
– E se o ignora como me ignorou a mim?
Damien arqueou as sobrancelhas.
– Duvido que isso aconteça, senhora Westwood.
Lee não parecia convencida.
– Realmente quero enfrentar-lo e esclarecer tudo isto – disse ela com veemência.
– Sim. Não sei por que é que não me surpreende, mas terá que ter um pouco de paciência. Iremos passo a passo, a não ser que queira contratar outro advogado. Por isso, dê-me mais pormenores, como por exemplo como devo contactá-la…
Lee acedeu, até que lhe pareceu óbvio que ele queria conhecer praticamente toda a história da sua vida.
– Não me vou embora da cidade sem pagar os seus honorários – disse orgulhosa.
– Deus nos livre! – murmurou ele e levantou-se. – De momento, deixe isto comigo. Entrarei em contacto consigo quando tiver uma resposta.
Lee também se levantou, mas não lhe apertou a mão que ele oferecia.
– Isso é tudo?
Damien arqueou uma sobrancelha e fez uma pausa.
– Tinha algo em mente?
Por um momento, Lee interpretou mal o significado. Inclusive, abriu a boca para lhe dizer que tinham provas mais que suficientes para escrever a Cyril Delaney, mas apercebeu-se que ele passeava o olhar pelo seu corpo de uma forma inconfundível.
Ao compreender o verdadeiro significado da pergunta, Lee foi fulminada por uma poderosa sensação de impotência que se apoderou dela. Como se atrevia aquele homem a pensar que ela estava a sugerir algo, ou que tivesse algum interesse pessoal nele?
– Enganou-se na mulher, senhor Moore – disse friamente. – Se está a insinuar o que penso.
Damien parecia divertido.
– Não seria a primeira vez que acontece, senhora Westwood. E, agora, se me desculpa, tenho um encontro para jantar – disse ele e chamou a sua secretária, que imediatamente abriu a porta convidando Lee a sair.
Duas semanas mais tarde, Damien Moore estacionou o seu Porsche azul metalizado à porta do seu restaurante favorito, num bairro residencial de Brisbane. Ao sair do carro, uma rapariga vestida com umas jardineiras e um gorro preto atravessou-se no caminho. Só quando a jovem tirou o gorro e o cabelo caiu sobre os seus ombros é que Damien se apercebeu que era Lee Westwood.
Ele parou e suspirou.
– Ah, é você? Do grupo de Operações Especiais?
– Se se refere à minha figura – disse Lee com dignidade, – é a minha roupa de trabalho. Sou jardineira, lembra-se? E, no que respeita à minha presença – continuou ela olhando à sua volta – como não podia contactar consigo por telefone, decidi investigar um pouco e averiguei que hoje vinha aqui.
Damien Moore amaldiçoou-a em voz baixa.
– A razão pela qual não conseguiu contactar-me é porque não tenho notícias para si, como a minha secretária lhe deve ter dito.
– Já lá vão duas semanas! – protestou Lee. – Se Cyril Delaney pensasse responder, já o teria feito.
– Ouça…
– Não. Ouça-me você, senhor Moore – interrompeu ela. – Os meus avós tiveram que hipotecar a casa para aumentar a pensão e está a ser complicado para eles pagarem as duas coisas. Se não faço nada, perdem a casa, enquanto você come em restaurantes caros, sem nenhuma preocupação. À custa dos honorários que estou a pagar.
– Duvido – disse ele com uma mistura de impaciência e resignada diversão. De repente, pareceu tomar uma decisão. – De acordo. Venha comer comigo.
Lee olhou por cima do ombro. Parecia que ele se dirigia a um restaurante caro e de luxo.
– Aqui? – perguntou com cautela.
– Sim. Tenho uma mesa reservada.
– Mas não trago roupa adequada. Um pouco mais abaixo há um restaurante de comida rápida…
– Nem pensar, senhora Westwood. Ou aqui, ou nada.
Lee mordeu o lábio e olhou para Damien. Pareceu-lhe ver que os seus escuros e inteligentes olhos a desafiavam…
– De acordo – disse ela. – Com uma condição: eu pago a minha comida.
– Porquê?
– Não quero dever-lhe nada, senhor Moore.
– Já veremos