A noiva escolhida pelo xeque. Дженни ЛукасЧитать онлайн книгу.
Não, não diria tanto. Mas, de qualquer modo, ele também não me agrada.
– Como sabe? É evidente que não o investigou antes.
Desta vez foi Beth quem franziu o sobrolho. Como sabia que não se tinha dado a tal trabalho?
– Sim, sou consciente de que deveria tê-lo pesquisado na Internet – admitiu. – Mas recebi o convite há dois dias, e estava tão ocupada que…
– Ocupada? – interrompeu-a ele. – Com o quê?
Beth tossicou. Tinha estado a trabalhar sem descanso porque, caso contrário, o dono da loja se teria recusado a conceder-lhe uns dias livres. Mas não podia dizer-lhe a verdade.
– Com a minha investigação, claro – respondeu.
– Compreendo. O seu trabalho é certamente importante.
Ele olhou para ela com intensidade, como se esperasse que aprofundasse um pouco o suposto trabalho. Mas Beth, que não se lembrava de nenhum dos detalhes técnicos que a sua irmã lhe tinha dado, só conseguiu dizer:
– Sim, claro. O cancro é uma coisa muito má.
– Pois é – disse ele, arqueando uma sobrancelha.
Beth apressou-se a mudar de conversa.
– Então, trabalha para o rei? – interessou-se. – Que está aqui a fazer? Por que não está no salão?
– Porque não quero estar lá.
Beth estranhou que respondesse com uma evidência que não explicava nada. Mas não foi a sua estranheza nem a súbita brisa que lhe acariciou os braços nus que causaram o seu estremecimento posterior, mas o poderoso e perfeito corpo do homem que estava à sua frente.
Nunca se tinha sentido tão atraída por alguém em toda a sua vida. O simples facto de estar ao seu lado era avassalador. Era tão alto e forte que exalava poder por cada poro. E, se o seu corpo a entontecia, que dizer daqueles olhos negros que refletiam a escassa luz do jardim e a incitavam a mergulhar neles como que num mar escuro, profundo e traiçoeiro.
As suas emoções eram tão intensas que teve de fazer um esforço para desviar o olhar.
– Bom, vou voltar para dentro e esperarei que o rei me aponte com o dedo – disse, soltando um suspiro. – Afinal, pagam-me para isso.
– Pagam-lhe?
Ela olhou para ele com surpresa.
– Sim, claro. Todas recebemos um milhão de dólares pelo simples facto de virmos cá e, se nos convidarem a ficar, outro milhão por cada dia.
– Isso é completamente inadmissível – replicou ele, irritado. – A possibilidade de ser rainha de Samarqara deveria ser pagamento suficiente.
– Se o diz… Embora eu tenha a impressão de que o dinheiro tem algo a ver com o facto de elas cá estarem – ironizou Beth. – Até as celebridades precisam de dinheiro.
– E você? Também veio por causa disso?
– Claro – respondeu ela baixinho.
Beth não saía do seu assombro. Era a primeira vez que um homem lhe prestava tanta atenção, e não se tratava de um homem normal e corrente, mas de um que parecia saído de um conto de fadas.
Quando olhava para ela, o seu coração batia mais depressa. Quando se aproximava um pouco, a respiração acelerava-lhe de tal maneira que os seus seios subiam e baixavam perigosamente sob o corpete do justo vestido vermelho, ameaçando saírem pelo decote.
Que teria acontecido se se tivesse aproximado mais?
– Portanto, está aqui apenas pelo dinheiro… – disse ele.
– A investigação sobre o cancro é muito cara.
– Sim, imagino. Mas não sabia que pagavam milhões a essas mulheres pelo simples facto de virem.
– Ah, não?
A ignorância do impressionante desconhecido levou-a à conclusão de que não devia ter uma relação próxima com o xeque. Sentiu-se imensamente aliviada. Estava tão deslocado quanto ela, por isso não diria ao seu chefe que se tinha cruzado com Edith Farraday e que lhe tinha parecido uma tonta trémula e ofegante.
– Que relação tem com o rei? – perguntou com curiosidade. – É um dos seus secretários? Um guarda-costas talvez?
Ele abanou a cabeça.
– Não, nada disso.
– Oh, vá, é um familiar? Nesse caso, rogo-lhe que me desculpe. Como já disse, tenho tido tanto trabalho que não pude pesquisar. Poderia ter-me ligado à net no avião, mas estava esgotada. E como fui passear por Paris…
Beth odiou-se a si mesma por estar a balbuciar, mas ele arqueou uma sobrancelha e olhou para ela com verdadeiro interesse, como se estivesse à frente de um enigma que não conseguia resolver.
Ela? Um enigma? Mas se era um livro aberto!
Perplexa, teve de recordar-se que não se tinha apresentado como Beth Farraday, mas como Edith. E não podia arriscar que aquele homem descobrisse o seu segredo.
Até então, não lhe tinha parecido que estivesse a fazer nada de mal. A sua irmã precisava daquele favor e ela tinha a oportunidade de conhecer Paris. Mas o rei de Samarqara não ia pagar uma fortuna por conhecer a empregada de uma loja de Houston, mas por uma investigadora famosa. E o que estavam a fazer tinha um nome: fraude.
Nervosa, voltou a subir o decote do vestido, porque ele se tinha aproximado mais e os seus seios continuavam empenhados em tentarem escapar ao confinamento. Não era estranho que os seus olhos se fixassem uma e outra vez naquela parte do seu corpo.
– Enfim, será melhor ir-me embora – conseguiu dizer, envergonhada consigo mesma.
Beth deu meia volta e dirigiu-se à mansão, mas ele seguiu-a rapidamente e perguntou:
– Que lhe parecem?
– De que me está a falar?
– Das outras mulheres.
Beth franziu o sobrolho.
– Por que pergunta?
– Porque me interessa a opinião de uma pessoa que, segundo diz, não tem nenhuma possibilidade com o rei – respondeu ele. – Se não a tem, quem a tem?
Ela semicerrou os olhos.
– Promete-me que não conta ao xeque?
– Isso importaria muito?
– É que não quero prejudicar as possibilidades de ninguém.
Ele levou uma mão ao peito e disse:
– Então, prometo-lhe que ficará entre nós.
Beth assentiu.
– Não sei, suponho que ele optará pela estrela de cinema. Afinal, é a mais famosa de todas.
– Refere-se à Sia Lane?
– Sim, claro. Além disso, é tão bela quanto encantadora, embora consiga chegar a ser muito desagradável. Quando estávamos no avião, discutiu com uma pobre hospedeira porque não tinham a água mineral de que ela gosta e, ao chegar a do hotel, ameaçou os paquetes que se a sua bagagem sofresse o mais leve dano que seriam despedidos.
– A sério?
– Sim. É o tipo de pessoa capaz de dar pontapés a um cão. A não ser que o cão seja útil para a sua carreira.
Ele soltou uma gargalhada.
– Lamento, não deveria ter falado – prosseguiu ela, abanando a cabeça. – De certeza que é uma pessoa maravilhosa. Terá tido um mau dia.
– É possível. Mas e você, quem escolheria?
–