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Memórias ocultas - Perseguindo os sonhos. Andrea LaurenceЧитать онлайн книгу.

Memórias ocultas - Perseguindo os sonhos - Andrea Laurence


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cima. Tirou o manual de instruções para o ler. Estava mesmo a acabar quando ouviu a porta. Levantou-se de um salto e correu para ir receber Will.

      – Vejo que já chegou – disse ele, ao ver a sua expressão de entusiasmo.

      – Sim, chegou! – exclamou ela. – É maravilhosa!

      – Comprei-a hoje de manhã. Garantiram-me que era a melhor do mercado e que a entregariam ainda hoje.

      Sem hesitar, ela abraçou-o com força e beijou-o. Só queria agradecer-lhe mas, quando os seus lábios se encontraram, o seu plano fracassou. Will rodeou-lhe a cintura com os braços e puxou-a para si. Tinha estado tão distante desde o último beijo que ela tinha achado que não se sentia atraído por ela. Mas a sua língua e os seus dedos convenceram-na de que não era bem assim.

      – Obrigada – disse. Sentia-se vermelha como um tomate, mas Will não fez comentários.

      – De nada – sorriu com ironia. – Se soubesse que ias reagir assim, já a teria comprado há dois anos. Ou, pelo menos, na semana passada.

      – Estive... estive a ler como se usa – murmurou Cynthia, ainda nos seus braços.

      – Já estás a estudar? – perguntou ele, soltando-a e dando uns passos para trás.

      – Já. Acho que amanhã já a posso ter a funcionar – disse ela. – Importas-te de ir às compras? Gostava de comprar tecido, linha, botões...

      – Acho muito bem – Will tirou o casaco. – Tinha pensado levar-te a jantar fora. Podemos passar pela loja de caminho. Espera que mude de roupa.

      Minutos depois, entraram num táxi para ir para o distrito têxtil. Quando chegaram à Mood, a meca dos tecidos de alta costura, ela entrou e Will ficou à porta, a tratar de negócios ao telefone.

      Reuniu-se com ele meia hora depois, triunfal, com um enorme saco preto. Entregavam-lhe o manequim em casa no dia seguinte. Uma das empregadas da loja ajudara-a a escolher as coisas básicas e tinha-lhe explicado como usar tudo. Cynthia não sentia uma energia igual desde que acordara após o acidente. O destino tinha fechado a porta do passado, mas tinha aberto uma janela para um futuro carregado de emoção e novas possibilidades.

      – Compraste a loja inteira?

      – Hoje não. Talvez para a semana.

      – É bom ter objetivos – riu-se ele. – Pronta para ir jantar? Há um restaurante especializado em carnes a poucos quarteirões daqui. Apetece-te?

      – Parece-me muito bem.

      Will pegou no saco e foram a pé até ao restaurante. Assim que entraram, Cynthia ficou imóvel. O restaurante era luxuoso e, com umas simples calças de ganga e uma camisola normal, não se sentia à altura.

      – Este lugar é demasiado elegante – murmurou.

      – Estás ótima – garantiu-lhe ele.

      O maître guiou-os até uma mesa situada num canto, um espaço reservado. Pelos vistos, o homem achava que era um encontro romântico. Ela não achava o mesmo, especialmente porque Will voltava a estar concentrado no seu telemóvel, em vez de na ementa.

      – Gostariam de provar um vinho da nossa seleção de hoje? – perguntou o empregado quando chegou.

      Will deixou o telemóvel e olhou para ela, expetante. Supostamente, ela gostava de vinho, mas naquele momento o que lhe apetecia mesmo era um copo de Coca-Cola light muito fria, e foi o que pediu.

      – Coca-Cola light para a senhorita e um copo de Merlot para mim, faz favor – pediu Will.

      Quando o empregado de mesa foi embora, Cynthia tentou concentrar na ementa. Decidiu pedir um prato combinado de carne e marisco.

      Depois de pedir, e já com as bebidas na mesa, Cynthia percebeu que o restaurante era realmente romântico. Numa parede havia uma enorme lareira de pedra e o fogo dava a tudo uma luz dourada muito favorecedora.

      Cynthia engoliu em seco e humedeceu os lábios com a língua. Ele sorriu e o seu olhar pareceu abrasá-la. Tinha vestido uma camisa verde escura que se esticava sobre o peito e os ombros, marcando aqueles músculos que ela tanto desejava sentir. A sua imaginação voou.

      – É um lugar muito agradável – disse. Tinha a garganta seca, de modo que deu um grande gole no refresco.

      – Sim. Fico contente de ter vindo provar.

      – Está tudo a correr bem com o teu trabalho? – Cynthia queria um tema de conversa que lhe impedisse de pensar em tocar Will.

      – Atarefado, como sempre. Hoje estive com o teu pai.

      – Sim, a mãe mencionou-me que ia ver-te. Está tudo bem? – aquele tema certamente abafaria o seu calor.

      – Bem. Estivemos a rever os detalhes do acordo de colaboração. Devemos poder lançá-lo na primavera.

      – Em que consiste exatamente?

      – Tem a ver com tecnologia para um leitor de livros digitais. A sua equipa criou um ecrã tátil tão leve, fino e barato que em breve toda a gente poderá usá-lo. Esperamos mesmo oferecê-lo com as assinaturas de longo prazo no jornal digital.

      – O teu jornal tem problemas?

      – Não, mas hoje em dia tudo se passa na Internet. Há vários anos que já temos as assinaturas eletrónicas, mas acho que os leitores digitais são a nova bomba para a indústria editorial. Quero que o Observer e a Corporação Dempsey estejam na crista da onda. Levar a minha empresa ao seguinte nível de excelência e qualidade. Há anos que luto por isso.

      Cynthia assentiu, ainda que não percebesse bem. Ela ainda gostava de sentir um livro na mão e ia demorar a renunciar a esse prazer por um tablet. Mas parecia um assunto promissor para ambas as empresas.

      – É por isso que vamos casar?

      – Não foi por isso que te pedi em casamento – respondeu Will depois de uma leve pausa.

      – Mas foi por isso que continuaste comigo, mesmo que me tivesse transformado numa pessoa difícil...

      – Ambos tínhamos os nossos motivos para casar, mesmo que não fossem os melhores.

      – A colaboração parece um bom negócio. Por que tens de casar comigo para fechar o negócio?

      – Não é bem assim – insistiu Will. – A minha declaração não teve nada a ver com a empresa do teu pai. Isso só aconteceu depois. Foi só um incentivo para aguentar quando começaste a ser... «difícil», usando a mesma palavra que tu. O teu pai prefere trabalhar com família. Quando acabei contigo, fi-lo sabendo que o projeto ficaria em águas de bacalhau assim que ele soubesse.

      – E se esta segunda tentativa não funcionar, isso não irá prejudicar a tua empresa?

      – Não nos prejudicará. Mas também não ajudará, claro.

      – Posso falar com ele. Sou a razão de termos acabado. Não deveria penalizar-te a ti e aos teus empregados por uma coisa que eu fiz.

      – É uma oferta muito doce, mas acho que não preciso do teu heroísmo, por enquanto.

      Will estendeu o braço sobre a mesa para pegar na sua mão. Ela sentiu o calor a envolvê-la e a subir pelo seu braço como um choque elétrico. Teria gostado de afastar os olhos e perder-se só nas sensações, mas o seu olhar tinha-a hipnotizado.

      – O que te leva a pensar que esta segunda tentativa não vai funcionar? – perguntou ele. O seu sorriso quase a convenceu de que podia mesmo funcionar.

      Quase.

      Beijaste-a?

      O grito incrédulo de Alex passou as paredes do escritório de Will e ecoou nos corredores da sede do Observer.

      – Baixas a voz, por favor?

      Will


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