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Memórias ocultas - Perseguindo os sonhos. Andrea LaurenceЧитать онлайн книгу.

Memórias ocultas - Perseguindo os sonhos - Andrea Laurence


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já não é a minha namorada.

      – Eu sou a única pessoa que sabe disso. Da última vez que falámos parecias convencido de que te irias embora assim que ela melhorasse. O que é que mudou?

      – Nada. E tudo... – Will sentou-se, recostou-se e entrelaçou os dedos atrás da cabeça.

      – Eu sabia. Quando vi o teu sorriso naquele jantar, soube que te tinha agarrado.

      – Nunca tinha estado tão aparvalhado por uma mulher – confessou Will.

      – Vais ficar?

      – Não. Sim... Por enquanto. Mesmo se amanhã acordasse com o caráter de um cão de guarda, vou aguentar até estar recuperada. Decidimos começar de zero e ver o que acontece, mas tenho as minhas dúvidas. É caminhar para o desastre a longo prazo.

      – Então, porque é que a beijaste?

      – Porque quis – Will suspirou. – Há muito tempo que não me apetecia beijá-la. Mas agora parece que voltou a haver alguma química entre nós. Sinto uma corrente elétrica quando estou perto dela. E isso nunca tinha acontecido. É como estar com uma mulher completamente diferente. Uma relação nova com alguém doce e amável. Dá risadinhas, Alex!

      – A Cynthia, a rir? – levantou uma sobrancelha.

      – Mais do que uma vez. No início estava completamente perdida, mas agora que se habituou é pura excitação e júbilo. Como se estivesse a viver uma vida nova. Gosto de estar com ela. Sou feliz quando ela é feliz. Comprei-lhe uma máquina de costura.

      – O quê? Porquê?

      – Porque achei que ia gostar, e acertei. Tirou tudo o que estava relacionado com a publicidade do seu escritório e agora dedica-se a desenhar roupa.

      – É isso que vai fazer no futuro?

      – Acho que sim. Não pode voltar para a agência e fingir que sabe o que faz. Incentivei-a para que fizesse alguma coisa que a inspirasse, e seguiu essa direção. Está feliz assim.

      – E isso faz-te feliz a ti – Alex assentiu. – Qual é o problema, então?

      – Que é um erro! – gritou Will, dando um murro na secretária. Era um vulcão de energia sexual contida, confusão e frustração. – Está a absorver-me e eu queria libertar-me. Pergunto-me se o faz de propósito. Quando acabei o noivado, insistiu em que podíamos resolver as coisas. A Cynthia não queria passar por essa vergonha; até se recusou a tirar o anel até voltarmos a falar, depois da sua viagem. E se estiver a simular tudo para conseguir que fique?

      – A simular a sua amnésia?

      – Seria bem capaz. Não confiava nela antes e não tenho a certeza de poder confiar agora. Mentiu-me durante mais de um ano.

      – Quase morreu num acidente aéreo. Nem mesmo a Cynthia seria capaz de premeditar uma coisa dessas.

      Will franziu o sobrolho; sabia que seu amigo tinha razão. Estava a deixar-se levar pela paranóia. A desconfiança do passado embaciava-lhe o juízo. Era óbvio que ela não tinha planeado tudo, mas era mais fácil suspeitar do que confiar nela.

      – Estou metido num bom sarilho.

      – Queres beber alguma coisa? – Alex aproximou-se do bar.

      – Não, serve-te tu – disse Will.

      Alex serviu-se dois dedos de uísque escocês e aproximou-se da janela, que oferecia uma impressionante vista panorâmica de Nova Iorque.

      – Acho que estás a conduzir mal a situação.

      – Explica-me por que pensas isso.

      – Ofereceste-lhe começar do zero, mas continuas a permitir que todos os males do passado te confundam a cabeça. Devias imitar a Cynthia, por dizê-lo de alguma forma. Esquece o passado com ela. Esquece o acordo com a Corporação Dempsey. Esquece que estão noivos.

      – Está bem – Will olhou para o seu amigo, desconfiado. Eram muitas coisas para esquecer.

      – Agora – continuou Alex, – depois de teres eliminado isso tudo da tua cabeça, faz-te só esta pergunta: deseja-la?

      Will fez-se a pergunta. Só o som do riso dela já lhe fazia ferver o sangue. Fechava-se no seu escritório durante horas para ocultar a sua ereção e evitar fazer uma estupidez. A resposta era óbvia.

      – Sim.

      – Noutros aspetos da tua vida, o que fazes quando desejas alguma coisa?

      – Consigo-a.

      – Não a consegues sem mais nem menos – Alex abanou a cabeça, – lutas por isso. Quando querias ser delegado de turma, fizeste mais campanha do que ninguém. Quando quiseste ser capitão da equipa de pólo, treinaste mais do que nenhum. A Cynthia podia ter escolhido o homem que quisesse, mas tu decidiste que a querias, e conseguiste-a. Agora parece que lhe interessas e ela te interessa a ti. Qual é o problema disso?

      – Não é assim tão simples. Tudo o que aconteceu antes continua a existir. Não vivo num vazio.

      – Pois, mas, que mal faria se dessem uma verdadeira oportunidade a esta nova relação?

      Will sabia que se houvesse algum mal, ele é que o sentiria e só se permitisse, Cynthia podia penetrar na sua mente e no seu coração, mas não permitiria que chegasse tão longe. Se mantivesse o seu coração a salvo, a sua empresa beneficiar-se-ia e, provavelmente, desfrutaria a voltar para casa à noite.

      – Não faria mal nenhum – admitiu.

      – Não é a minha vida, amigo, mas se fosse a ti, atirava-me a ela de cabeça – Alex deu um gole no uísque. – Saía deste escritório e ia direitinho a seduzi-la. Aproveita enquanto dura. Se recuperar e voltarem a odiar-se, então, sair de casa. Não terás perdido nada que não estivesse já perdido antes do acidente.

      – E se não recuperar?

      – Então, viverão felizes para sempre. Tão simples quanto isso.

      Não era tão simples, mas valia a pena pensar nisso. Will foi servir-se um cheirinho de uísque. Alex tinha razão. Tinha dito a Cynthia que a tinha perdoado, mas continuava a por-lhe barreiras. Não se tinha comprometido o suficiente, e não era justo para nenhum deles. Devia deixar-se levar e desfrutar dela, mesmo que não lhe entregasse o seu coração.

      Cynthia rematou a última costura, cortou o fio e virou o vestido. Tinha demorado uns dias, mas a sua primeira peça estava acabada. Admirou-a, sorridente. Não estava mal.

      Tinha optado por começar pelo primeiro desenho que lhe chamara a atenção, sem se preocupar com a dificuldade de execução. Era um vestido camiseiro sem mangas, um pouco estilo anos cinquenta. Tinha a gola redonda e cinto. A saia tinha roda e dava por baixo do joelho.

      A silhueta era sofisticada, mas afastava-se do estilo tradicional pelo tecido preto e branco com estampado de zebra, salpicado de rosa e roxo escuro. Assim que vira o tecido soubera que era perfeito para aquele desenho. Tinha feito a gola, o cinto e o debruado em cetim preto, o que lhe dava um toque de brilho e luxo.

      Era uma fusão de rockabilly e anos oitenta. Estiloso, divertido e muito original.

      Tirou a roupa e pôs o vestido. Rodou à frente do espelho de corpo inteiro, contente e aliviada ao ver que estava bem cortado. Depois de apertar o último botão e atar o cinto, percebeu que lhe estava perfeito, ajustando-se a cada curva.

      Uns sapatos de cabedal preto seriam o complemento perfeito. Cynthia correu para o armário e abriu todas as caixas até encontrar o par ideal. Calçou-os e foi para a sala. Um som agudo fê-la virar-se de repente.

      Will estava na porta com olhos brilhantes de admiração. O seu olhar ardente percorreu-a de cima a baixo. Sorriu e fechou a porta.

      – Uau – disse.

      – Gostas? – virou sobre os saltos fazendo a saia rodar à sua volta, torturando-o com


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