O príncipe cruel. Jane PorterЧитать онлайн книгу.
responsável por tudo e tinha de focar-se nas suas obrigações.
– Tenho de voltar ao trabalho.
– Posso ajudar-te? – perguntou ele.
– Não. Vou comprovar os painéis solares. Relaxa-te e…
– É o que tenho feito nos últimos dias. Diz-me o que há para fazer e eu posso ajudar-te enquanto estou aqui.
– Está bem, vem comigo – acedeu ela com um sorriso tenso.
A velha casa de campo era feita de pedras e, pela fachada, parecia quase abandonada, mas havia umas escadas muito bem cuidadas nas traseiras que conduziam a uma clareira repleta de painéis solares e de outros instrumentos, além de outra casa de pedra mais pequena.
– Aqui fica todo o material para rastreamento de sismos. Está ligado a sismógrafos portáteis que estão espalhados pela ilha e alguns no mar. Estamos praticamente em cima de um vulcão e por isso temos sismógrafos para captar movimentos na crosta terrestre. Alguns movimentos poderiam significar que o vulcão está a acordar.
– Se isso acontecesse, que farias tu?
– Não se moveu nos últimos dez anos. Segundo todas as probabilidades, estou a salvo.
– Pareces muito despreocupada com algo que poderia ser catastrófico.
– Algumas pessoas ficam aterrorizadas com os vulcões, mas nunca ocorreu uma erupção tão catastrófica assim. Além disso, sabes que algumas pessoas optam por viver perto dos vulcões por causa da energia geotérmica, dos minerais e da fertilidade do terreno? Eu sou defensora da energia geotérmica porque é muito limpa e quase inesgotável, mas os painéis solares também nos dão muito bons resultados e permitem-nos viver fora da rede elétrica. Usamo-los para quase tudo: luz, aquecimento, dessalinização, para a rádio, quando funciona…
Ele tinha estado a observar os painéis solares, mas ela percebera que era o sistema de dessalinização que lhe despertava maior curiosidade. Levou-o a outro recinto de painéis, canos e depósitos negros e retangulares. Fez-lhe um gesto para que se agachasse ao lado dela.
– Isto é o que mais gosto, porque nos proporciona toda a água potável. Ao princípio, tínhamos de trazer litros e litros de água. Também recolhíamos água da chuva, mas se não chovia, ficávamos em pânico. Agora, graças a um acordo com a universidade de meu pai, podemos converter a água salgada em água potável com energia solar e tecnologia de última geração.
– Qual é a diferença da dessalinização tradicional?
– Conheces o processo de dessalinização?
– Ferve-se a água salgada e o vapor condensa-se.
– Isso mesmo. É um sistema com um consumo de energia muito pouco eficiente e que precisa de uma infraestrutura cara e complexa. Quase metade do custo de uma fábrica é em energia.
– Então, é um dessalinizador com membranas… Ela estava impressionada por ele saber tanto sobre o assunto. Talvez tivesse estudado ciências ambientais…
– Sim e não. A universidade trabalhou a partir de uma membrana destiladora convencional e acrescentou-lhe uma camada de nanopartículas negras como carvão. As partículas atraem a luz e aquecem toda a superfície da membrana, convertem até oitenta por cento da luz solar em calor e proporcionam-nos mais água com menos energia.
– Fascinante – murmurou ele, analisando o mecanismo. – Ao combinar o aquecimento fototérmico com a dessalinização por membranas criaste uma tecnologia mais produtiva e eficiente.
– Não fui eu. Foi a universidade. Tivemos a sorte de os engenheiros e cientistas nos deixarem experimentar o sistema aqui. Já o temos há ano e meio e mudou-nos a vida – apontou com a cabeça para uma horta ao lado. – Tomates, pepinos, alfaces, cenouras… Agora é possível cultivar graças a um fornecimento constante de água potável.
– Sabia que havia uma universidade norte-americana que estava a fazer algo assim, mas é incrível ver o sistema a funcionar e saber que não é só teoria.
– Pode ser uma mudança crucial para todo mundo.
– Claro – murmurou ele.
No entanto, tinha o olhar fixo nos seus lábios carnudos. Ela corou e olhou para outro lado para tentar dissimular como se sentia alterada. Queria que ele a beijasse, mas também estava com medo. Não tinha experiência e sabia que a maioria das mulheres da sua idade já teriam tido… relações. Desejou ter tido uma vida mais normal, ter tido namorados e saber como reagir. Será que ele sabia?
– Estás aborrecido – comentou ela, levantando-se e limpando o pó das mãos.
– Não – ele também se levantou. – Estou fascinado com tudo. Não só pelo modo como vocês sobrevivem, ao Deus dará, mas também contigo e com o teu pai. Não consigo imaginar nenhum pai que deixe a sua filha única sozinha num lugar tão isolado.
– Tenho o rádio…
Apertou os lábios e não conseguiu dizer mais nada. Tinha o coração aos saltos e estava prestes a começar a chorar, embora nem soubesse porquê. Não tinha acontecido nada e, no entanto, parecia-lhe estar a acontecer tudo e que estava a perder o controlo.
– Costuma funcionar, nunca o tinha partido. Esse acidente foi um mero acaso, tal como o facto de tu estares aqui. Estou há quatro anos em Khronos e nunca tinha parado aqui um iate, nem se aproximado gente.
– Por que tens medo? – perguntou-lhe ele interrompendo o seu palavreado.
– Não tenho medo – respondeu ela com a voz algo descontrolada.
Ele ficou a olhar para ela até que lhe passou um dedo pelas sobrancelhas. Conteve a respiração e sentiu uma descarga elétrica por dentro. Olhou-o nos olhos enquanto ele lhe percorria o nariz, as maçãs do rosto e a linha do queixo.
– És linda – murmurou ele com a voz rouca.
Ela sentiu a erótica voz dele por todo o seu corpo, foi como uma provocação para os sentidos.
– Sem maquilhagem, sem roupas da moda. Só a tua beleza. Não sabia que existiam mulheres como tu.
– Isso é o que dizes agora, mas se me pusesses ao lado das mulheres do iate, já verias.
– Não acho que haja comparação. Tu és extraordinária. A tua cabeça, a tua paixão pelo teu trabalho, a tua beleza… És perfeita.
– Ainda me vais fazer acreditar…
– Ainda bem. Deverias saber que és especial, uma entre um milhão.
Josephine afastou-se um pouco para olhar para ele. Ele deixou que visse o brilho ardente dos seus olhos.
– Então, beijas-me? – sussurrou ela. – A não ser que não sintas isso…
– Quero beijar-te desde que abri os olhos e te vi a olhares para mim como um anjo.
– Não sou um anjo – murmurou ela, engolindo em seco. Tinha a pulsação acelerada e não conseguia deixar de olhar para as suas maçãs do rosto e para a barba incipiente que tinha todas as tardes. Além disso, aquela boca larga e com uns lábios lindos… Adorava desenhar-lhe o rosto e, sobretudo, os seus lábios. Perguntava-se que sabor teriam, se beijá-lo seria diferente de quando beijou o alcoolizado Ethan em Honolulu. Aquele beijo foi tão atroz que perdeu a vontade de voltar a sair com homens…
Ele agarrou-a pelos braços e apertou-a contra si com um brilho nos olhos. O mundo reduziu-se a eles os dois. Ela sentia o bater do seu coração. Estremeceu face ao calor do seu corpo enquanto ele a apertava contra o seu peito, sentindo os mamilos ficarem duros. Isso era tudo o que queria, só queria sentir a boca dele na dela…
Baixou a cabeça e a sua sensual boca beijou-a. Sentiu faíscas pelo corpo, ouviu um gemido, ele rodeou-lhe a nuca com uma mão para a agarrar enquanto derretia por dentro. Queria muito mais, mas uma vozinha sussurrava-lhe