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Meu Irmão E Eu. Paulo NunesЧитать онлайн книгу.

Meu Irmão E Eu - Paulo Nunes


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quebrar o silêncio que ficou entre nós:

      — Ele disse que a viagem foi boa, e que você não deve se preocupar com nada, e me pediu para lhe fazer companhia.

      — Quero que ele volte logo — respondi.

      Minutos depois, o filme já estava quase no final. Por alguns instantes, fechei meus olhos e apenas me entreguei àquele carinho gostoso. Aidan passeava a mão por todo o meu cabelo e fazia-me cócegas ao tocar minha nuca com os dedos. Sua mão estava mais suave e vagarosa, quase imperceptível. Foi quando não a senti mais. Por que ele parou? Pensei. E a resposta viria a seguir: ouvi um ressono. Ele adormeceu. Fiquei quieto por mais alguns instantes e baixei o volume da TV. Levemente, afastei-me e consegui me levantar sem o acordar. Desliguei a TV e caminhava ao meu quarto, quando olhei para trás. Vi-o. Estava relaxado, dormindo com a cabeça pendida em minha direção. Que homem, meu Deus! Ele é lindo! Pensei. Lá, apaguei as luzes e deitei-me na cama. Fechei os olhos e me percebi pensando em tudo que aconteceu. Por que ele fez isso? Os pensamentos não me deixavam dormir. O que está acontecendo comigo? Pare com isso, Gaius. Durma! Tentando pôr ordem em minha mente. Depois de muito me mexer na cama, senti que começava a adormecer. Ai que bom. Vou dormir. Era uma sensação suave, mas havia algo estranho no meu quarto. Estava frio e eu abraçava meu corpo debaixo das cobertas. Virei-me e abri os olhos. Vi-o. Estava agachado junto à minha cama, olhando-me. Não tive reação. Só o olhei, meio surpreso.

      — Está frio lá na sala. Posso deitar aqui com você? — perguntou ele, com a voz baixa, esfregando as mãos.

      — Aidan, você pode dormir no quarto do meu irmão — respondi, com a voz trêmula.

      — Quero dormir aqui. Posso? — e fez cara de homem carente para mim.

      Olhei-o por alguns segundos, e não resisti.

      — Pode — e afaste-me, levantando as cobertas para ele entrar debaixo delas.

      Ele mal deitou, logo se aproximou de mim e me abraçou de costas, encostando seu corpo inteiro no meu. Mesmo estando com roupa, ele tremia de frio.

      — Se eu abraçar você, o frio vai embora — comentou ele com a boca encostada na minha nuca, pressionando minha cintura contra a dele.

      Fechei os olhos e os abri logo em seguida. Vi o relógio ao lado da cama, que marcava 4h10. Sentia sua respiração, era curta. Sua mão repousava em meu abdome. Eu estava preso. Não conseguia me mover. Percebi algo em mim. Era meu calção. Eu estava excitado. Estava molhado.

      — Gaius — chamou ele, sussurrando.

      — Oi — respondi, tremendo a voz.

      — Não consigo dormir — comentou.

      Respirei fundo e me virei para ele. Olhando seus olhos cor de âmbar, disse:

      — Eu também não.

      Ele abriu um leve sorriso, levou sua mão ao meu rosto e acarinhou-me a face com as costas dos dedos, enquanto molhava os lábios. Depois, pôs sua boca na minha. Beijava devagar, com carinho e doçura, pressionando meu rosto contra o dele. Sua língua passeava em minha boca, enquanto eu lhe acarinhava a barba macia em seu rosto. Nossas mãos estavam livres: a minha não queria largar o seu rosto, a dele ia das minhas costas até as coxas, num movimento suave de vaivém que estava me enlouquecendo.

      — Tire o calção — pediu ele, ainda com a boca selada na minha.

      Meu coração disparou, minha pupila dilatou. Larguei sua boca e o olhei, enquanto ele pediu de novo, com aquele rostinho carente.

      — Tire, por favor.

      Ele tinha olhos ardentes, olhos de fome. Acho que ele vai me comer. Pensei. Obedeci-o. Ainda com meus lábios nos dele, senti falta daquela mão, que passeava em minhas coxas, arrepiando-me. Ouvi um barulho de metal. Ele desabotoou o cinto e baixou as calças. Não aguentei: levei minha mão à cueca dele e apertei. Estava molhada, estava muito molhada. Ao meu toque, ele gemeu, dentro da minha boca e, depois, ordenou:

      — Levante a perna.

      Obedeci-o. Ergui minha perna e senti seu dedo molhado me tocando. Oh, meu Deus, que coisa maravilhosa! Pensei. O prazer me possuiu. Soltei a boca dele, retorcendo meu pescoço para trás e gemi. Seu dedo me invadia num ritmo lento. Era muito bom.

      — Vire-se — pediu.

      Ainda deitado, virei-me, encostando minhas costas em seu abdome. Ele não demorou e levantou minha perna com sua mão e me penetrou. Eu gemi. Gemi alto, de dor e de prazer.

      — Ai, meu Deus! — Exclamei.

      Estava com a perna levantada e sentindo o membro dele dentro de mim, quando salivei minha mão e me masturbei. Não demorou muito e cheguei ao orgasmo. Relaxei minha cabeça para trás e minha nuca encontrou a boca dele. Ele tinha uma respiração forte, um gemido intenso, um acelerar de movimento.

      — Eu acho que vou... — exclamou ele, já gemendo de prazer em meu ouvido.

      E jorrou. Jorrou forte dentro de mim.

      Numa faísca de momento, tudo que Aidan e eu vivemos naqueles dias em Nova Iorque me veio à tona ao vê-lo ferido e machucado naquela suíte de hotel em Monte Carlo. Os dias que se seguiram àquela primeira noite de sexo entre nós, os carinhos, as tardes quentes de prazer que tivemos, os lugares que visitamos, as gargalhadas e a emoção de estarmos juntos me possuiu totalmente. Realmente, foram dias intensos. E ele estava ali, encarando-me, cheio de raiva, machucado, violento. Nunca o tinha visto assim. Seus olhos flamejavam. Era ciúme. Quando o vi atirar aquela garrafa de uísque na parede, pensei que ele fosse me machucar. Tive medo, e não consegui esconder. Chorei. Chorei como uma criança. Minhas lágrimas não conseguiram aplacar a ira de Aidan. Ele segurou-me pelos ombros e ordenou que eu o olhasse nos olhos.

      — O que você quer, hein? O que quer de mim, Gaius? Responda! — esbravejava contra mim.

      — Por favor, Aidan. Desculpe. Não queria machucá-lo — respondi, repetidas vezes, chorando.

      — Não queria me machucar? Não queria me machucar? Como não queria me machucar, se estava beijando um cara na minha frente, sabendo que gosto de você? Droga, Gaius!

      — Foi ele quem me beijou primeiro, Aidan... — disse, soluçando, tentando acalmá-lo.

      — Porque você aceitou! Você quis e incentivou! A culpa é sua! Que inferno!

      — Por favor, solte-me. Está me machucando — supliquei, entre um soluço e outro.

      A frase teve efeito. Ele largou meus ombros e se afastou, ainda me encarando. Seu semblante saía da ira e chegava ao remorso. Estava estampado em seu rosto a consciência de que tinha agido mal em me sacudir daquela forma

      — Desculpe-me. Não quis machucar você — falou, cabisbaixo, tentando amansar a voz.

      Eu não conseguia parar de chorar. Estava nervoso. Sentia minhas pernas perderem a força. Oh, meu Deus! Está tudo escuro. Encostei-me à parede e me percebi derreando ao chão. Abracei meus joelhos e escondi minha cabeça entre as pernas. O silêncio reinou, e voltamos a ouvir Chopin. O nocturne chegava ao fim, e somente aquele piano conseguiu nos acalmar. Minha mãe, onde você está? Por favor, volte! Nisso, senti seus passos em minha direção. Depois, o calor do seu corpo a me abraçar. Ele estava ao chão comigo, levantando minha cabeça e, com os dedos, descobrindo meus olhos por baixo dos cabelos. O olhar dele encontrou o meu. Éramos apenas nós dois, cheios de dor. Ele pôs sua mão em minha nuca, pressionou-me contra seu rosto até sentir seus lábios nos meus, e sussurrou:

      — Eu amo você, menino. E acho que sempre vou amar — e me beijou.

      Lembro-me bem do que senti depois daquele beijo. Meu corpo relaxou, embora uma mescla de tranquilidade e angústia ainda encontrasse espaço em mim. Estava confuso, mas depois de tudo que vi, pela primeira vez, olhei para Aidan com outros olhos. Pensei se o que ele sentia não era amor. Mas como saber? Eu nunca tinha amado. E nunca fui amado também. Como saber se o que ele sente é amor? Pensei. Tive medo. O mesmo medo que se apossou


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